Este artigo foi escrito pela nossa genealogista responsável pelos Estados Unidos, Schelly Talalay Dardashti
Genealogistas têm que estar preparados para os muitos idiomas que têm um impacto em sua pesquisa.
Quando lidamos com línguas estrangeiras, alfabetos diferentes ou letra manuscrita arcaica, precisamos saber onde buscar ajuda. Conforme vamos aprendendo a ler estes alfabetos e letras manuscritas, podemos ver como e onde ocorreram erros nos nossos nomes.
Mas é importante ler os registros históricos, como listas de passageiros e imagens de censo, pois elas podem ser reveladoras. Eu deixei de lado um registro histórico que era referente a um Menchel Tallesly, até que eu realmente analisei a imagem com mais afinco – e olhem só, era o nosso primo Mendel Talalay. O “d” estava escrito de forma um pouco estranha e a pessoa que fez a transcrição achou que tínhamos aqui um “c” e um “h” escritos separados, em vez do “d”. Quando eu li o “Tallesly” eu já logo reconheci o “Talalay”, mas eu já estou acostumada a ler formas ainda mais estranhas deste nome, no decorrer da minha pesquisa.
Quanto mais você analisar letras manuscritas, melhor será a sua capacidade de lê-la. Também existem vários recursos online excelentes, para ajudá-lo com isso e eles estão listados no final deste artigo.
Se possível, comece a sua pesquisa com registros históricos e documentos em uma língua que você conhece bem, para se acostumar com os desafios que você irá encontrar.
DICAS
Não importa se você enxerga super bem, ou não, use sempre uma lupa. Eu nunca entendia porque pessoas em bibliotecas e arquivos costumavam usar uma. Até que tive um problema no olho e comprei uma pra mim.
Uma dica importante para jornalistas – e genealogistas – é “Nunca ‘ache’ nada”. Leia cuidadosamente e decifre as palavras lentamente. Peça para que outras pessoas também tentem ler a mesma coisa. Vários pares de olhos são sempre melhores do que apenas um.
Cheque o documento todo para ver se letras mais complicadas apareçam na mesma página mais de uma vez. Caso aquela letra apareça numa palavra que você consegue identificar, você poderá usá-la para entender melhor outras palavras. Caso você tenha dias e meses no documento, eles podem ser úteis para tentar decodificar outras combinações de letras.
Se possível, escaneie o documento e use um programa para edição de fotos, para ampliar palavras específicas e depois cortar letra por letra, para imprimir. Assim, você terá um pôster bastante útil para pendurar na parede e consultar sempre que tiver dúvidas. Às vezes, ajuda mudar a cor, então tente usar letras brancas, com um fundo preto.
Eu participei em projetos de transcrição em cemitérios, totalizando 85.000 lápides, em dois grandes cemitérios. Os registros estavam em hebraico e precisavam ser transcritos para o inglês, para um registro online mundial de cemitérios. A dica de ouro é sempre transcrever exatamente o que você vê, incluindo os erros, mas como o hebraico é uma língua fonética e geralmente escrita sem as vogais, os nomes são uma verdadeira fonte de interpretação.
Geralmente, pessoas trabalhando com transcrições em grandes projetos, precisam estar familiarizados com nomes e locais comuns, bem como ter conhecimento de escrita manuscrita, no decorrer da história (paleografia). Pessoas que estão acostumadas com certos nomes comuns de uma determinada etnia, normalmente podem ver as letras de forma clara e sem dúvidas. Outros, que não têm esta experiência, têm mais dificuldade. Porém, os erros podem talvez ajudar e dar ainda mais informações. Mantenha seus documentos originais sempre com você, para que você possa sempre dar uma olhadinha nos originais – ou naquele problema que você não consegue decifrar – para que você possa analisar tudo novamente.
Para praticar, leia listas de passageiros. Você verá belos exemplos de caligrafia, outros estarão escritos com canetas em que a tinta vazava, deixando a página cheia de borrões. Nestas listas você verá vários exemplos de nomes, analise cada um deles com cuidado e treine seu olho. Se você se deparar com um nome, ou local que já conhece, use estes nomes para decifrar os outros.
Também não deixe de fazer uma consulta online para encontrar sites, que são especializados em letra manuscrita e transcrição, em idiomas diferentes. Marque como favoritos aqueles que são pertinentes aos países e aos idiomas que você está pesquisando. Geralmente os centros para pesquisa da família têm também ferramentas para ajudá-lo como cartazes com alfabeto, lista de abreviações comuns, etc. Também seria interessante entrar em grupos do Facebook que lidem com transcrição, tradução ou genealogia em países específicos. Uma outra grande ajuda é o fórum da Comunidade do MyHeritage, com seus muitos membros internacionais. Você poderá encontrar especialistas, que poderão rápida- e facilmente ajudar a decifrar as palavras, que estão lhe causando tanto problema.
UMA CONFUSÃO DE LETRAS
Letras confusas não são encontradas somente no meio das palavras. A letra inicial também pode ser difícil de ser lida – o que pode levar a erros, que influenciem negativamente a pesquisa, ou até mesmo a bloqueios. Com o passar dos anos, e ao lidar com o banco de dados de Ellis Island (EUA), eu descobri que estes grupos de letras são frequentemente confundidos quando se lê documentos antigos manuscritos.
Além disso, pense em como determinadas letras soam nos diferentes idiomas, especialmente se a pessoa tiver um sotaque forte: B-P; D-T; F-P, F-V, G-K, J-Y, S-Z, V-B, V-W, W-R. C-S, CH-SH, R-RR, L-LL.
Vogais também podem ser um problema. I, IE. EY, J e Y podem substituir umas às outras. AI-AY-AJ também soam de forma muito igual. Um nome que comece ou termine com um O também pode ter sido escrito com um U, então cheque todas as alternativas.
Eu listei aqui algumas fontes de ajuda idiomática online. Mas existem muitas mais. Tente procurar algumas que sejam especializadas no idioma de origem da sua família. Eu adoraria ler os seus comentários para descobrir quais as ajudas online que vocês usam ou que descobriram. Caso o banco de dados que vocês utilizem têm uma opção de filtro como “contém”, tente usar o nome escrito sem a primeira letra.
RECURSOS ONLINE
Dinamarca – Alfabetos & Estilo manuscrito
Documentos dinamarqueses podem ser escritos com letras góticas alemãs. Tente usar este link para lhe ajudar.
Letra manuscrita inglesa de 1500-1700
Aqui você encontra uma aula gratuita da Universidade de Cambridge com imagens de documentos em alta-resolução e exercícios.
Arquivo Nacional do Reino Unido – Paleografia
Novamente uma ajuda para o inglês, desta vez de 1500-1800, com um assistente para ler e transcrever documentos antigos em um tutorial interativo online.
Projeto Polonês de Genealogia
Página muito útil com vários links adicionais
Letra manuscrita escocesa
Tutorial para letra manuscrita histórica, de 1500-1750, e ajuda com outros problemas.
Guia de estilo do FamilySearch – Alemão Gótico
A Alemanha usou a letra manuscrita gótica até a Segunda Guerra Mundial, ela também foi usada na Tchecoslováquia no século 18, na Escandinávia e nos Bálcãs (Letônia e Estônia) no século19.
Morávia – Tutorail para alemão manuscrito
Escrita alemã da Morávia.
Scripts para alemão antigo manuscrito
Embora o site esteja em alemão, não é tão difícil assim de navegar. Aqui você encontra documentos, fontes, alfabetos e outras ajudas para ler alemão manuscrito antigo.
Itália – Guia para extração de registros
Manual de estilo do Family Search para ajudar no entendimento do italiano antigo.