Entrevista: Nélio J. Schmidt

Entrevista: Nélio J. Schmidt
Nélio J. Schmidt - Imagem: Arquivo pessoal do autor

Nélio J. Schmidt - Imagem: Arquivo pessoal do autor

Recentemente tivemos o prazer de entrevistar Nélio J. Schmidt, fundador do site GenealogiaRS e um grande genealogista ligado à pesquisa de famílias alemãs no Rio Grande do Sul. Nesta entrevista ele fala um pouco mais sobre o seu site, sobre a genealogia teuto-brasileira, os desafios ligados à pesquisa familiar e nos conta um pouco sobre a sua própria história.

Boa leitura!

MH – Nélio, você é o fundador do site GenealogiaRS. Poderia falar um pouco mais sobre o seu trabalho com o site, sobre os seus objetivos e futuros projetos?

NS- Sim, o site do GenealogiaRS foi criado por mim, incentivado por vários outros colegas de pesquisas, pois necessitava-se de uma ferramenta para divulgação das atividades e dos acervos que se estava produzindo.Assim, o GenealogiaRS – Pesquisas Teuto-brasileira Ltda. foi criado por mim e devidamente registrado, tendo em vista as necessidades de atender algumas questões legais. No início das nossas atividades – o primeiro encontro de ainda um pequeno grupo de quatorze  pesquisadores, aconteceu no 14 de abril de 2011 – houve manifestações dos colegas para que fosse criado um site.

O principal objetivo do grupo e suas ferramentas de contatos foi o de juntar vários pesquisadores que estavam com vontade de somar esforços nas trocas de informações e, principalmente, salvar os conteúdos de livros eclesiásticos do século 19, principalmente evangélicos/luteranos, que estão se deteriorando pelo tempo e uso.

Assim, entre alguns colegas, fomos às comunidade evangélicas/luteranas (IECLB E IELB) e passou-se a fotografar página por página, de todos os eventos contidos nos livros e estes então foram gravados em mídias, de forma adequada e ordenada, para servirem de fontes de pesquisas, poupando assim o livros. Às respectivas comunidades são doadas cópias destas mídias, para que façam uso em suas pesquisas. Este trabalho continua e tem para este ano de 2014 uma grande frente, pois com o novo equipamento que montamos para digitalizar os livros, vai render muito mais e pretende-se cobrir todo o estado do Rio Grande do Sul. Não sabemos ainda quando este grande projeto vai terminar, mas ele foi iniciado, está tendo continuidade e não vamos parar, pois o material que se tem conseguido digitalizar (por fotos) com todo o cuidado, de livros antigos escritos em alemão gótico, é uma grande fonte de pesquisas, que inclusive tem se enviado até para a Alemanha e USA.

Pesquisadores do grupo GenealogiaRS

Pesquisadores do grupo GenealogiaRS

Outro projeto muito importante, é o que chamamos de “tombamento digital” das lápides dos cemitérios, principalmente os antigos onde ainda se consegue encontrar lápides com registros de imigrantes. Estas lápides são limpas, se necessário, fotografadas e os seus registros digitados em planilhas, onde são completados e até corrigidos, pelos contidos nos livros que foram fotografados. Com este material completo, estão sendo montados livros digitais, em PDF pesquisáveis, para os interessados adquirirem.

MH – O foco da sua pesquisa é a genealogia teuto-brasileira. Quais são as peculiaridades deste grupo de famílias?

NS – O nosso foco são as famílias que entraram aqui no estado do Rio Grande do Sul uma vez que elas são na sua grande maioria, os ancestrais de colegas que frequentam nossos encontros mensais, o nosso fórum de e-mail e o Facebook, para fazerem as trocas, as correções e principalmente – o que nos destaca como grupo – as interações e justaposições de registros. Somos todos pesquisadores de suas próprias famílias, tendo isto como um hobby, e o que nos liga, são justamente os laços familiares, pois as vezes parece que a maioria de nós possuímos um grau de parentesco um com o outro.

MH – São vários os genealogistas gaúchos que tratam da imigração alemã. Há alguma espécie de ponto de encontro para todos eles ou cada um trabalha de forma individual?

NS – Sim, existem cerca de trezentos genealogistas. Alguns trabalham sozinhos, pois ainda não descobriram que “genealogia se faz em parcerias”, mas a maioria reúne-se com seus próprios núcleos familiares ou então em grupos de amigos.
O GenealogiaRS surgiu exatamente desta necessidade de juntar interessados, numa forma de trabalho semicoletiva, ou seja, capta-se de forma individual e/ou coletiva, e aquilo que é possível repartir sem ônus, acontece normalmente, e aquilo que existir eventuais gastos, ou se coopera nas despesas ou então os interessados adquirem de forma individual. A coisa funciona com liberdade e mútuo respeito.

Pesquisadores conferindo registros históricos

Pesquisadores conferindo registros históricos


MH – Como começou o seu interesse pela genealogia?

NS – Eu fui um dos que, quando ainda adolescente, conheci o meu bisavô, que viveu mais de 90 anos e faleceu quando eu tinha 11 anos. Ele falava muito pouco sobre a sua juventude para os familiares, mas às vezes comentava que ele era um “alemão nato”.
No início do ano de 2011 passei a me dedicar mais às pesquisas e a procurar na internet. Logo encontrei algumas pessoas que estavam com parte da minha árvore quase pronta, e foi a partir daí que surgiu a ideia de nos reunirmos, para somar registros, pois vivíamos numa região em que os nossos imigrantes e os filhos destes, muitos se cruzaram em casamentos, ou seja, havia muitos laços de parentescos, até bem próximos. Foram tantas surpresas a cada encontro, que o grupo cresceu.

Nélio com o pai, avô e bisavô - Fonte: Arquivo pessoal do autor

Nélio com o pai, avô e bisavô - Fonte: Arquivo pessoal do autor


MH – Conte um pouco sobre a sua própria história familiar.

NS – Bem, então partindo da minha curiosidade daquele pouco que o meu bisavô falava, tive a felicidade de encontrar pessoas amigas e dispostas a compartilhar e me ajudar na minha árvore. Assim, cheguei a minha tetravó que imigrou viúva, em 1846 com dois filhos e uma filha. Vieram de Kronweiler, Birkenfield,  Rheinland-Pfalz, Alemanha. O que se sabe até o momento, é que o seu marido falecera antes da viagem e que além disso ficaram para trás na Alemanha mais sete filhos. Quando a minha tetravó aqui chegou depois de uma viagem de uns cento e vinte dias, ela já com 46 anos de idade, adquiriu terras para ela e os filhos, numa bela região aqui no estado, chamada de Picada Café.
Foi indescritível a minha emoção, quando recebi estes registros de colegas. As minhas pesquisas não estão no fim, embora meio paradas, pois agora necessito ir a Kronweiler e verificar os registros de lá, tanto dos Schmidt como dos Kunz.

Assim, percebendo de que na ajuda mútua haviam grandes possibilidades para o sucesso das pesquisas, junto com alguns amigos resolveu-se de que era necessário, nos reunir mais vezes, e assim fizemos.

MH – Você trabalha em parceria com outros genealogistas ou parentes? Qual é o tamanho da sua árvore genealógica e quem é o antepassado mais remoto já encontrado?

NS – Além das pesquisas individuais, as parceiras com outros colegas pesquisadores são fundamentais. Por isso, a minha pesquisa pessoal, terminou se fundindo com a criação do próprio GenealogiaRS, onde hoje mais de cem colegas trocam informações, assistem palestras, exibições de filmes, visitas a museus, levantamentos cemiteriais e outras atividades relacionadas com a genealogia e a história da imigração alemã no Rio Grande do Sul. Até o momento, consegui chegar somente até a minha imigrante, nascida em 19/02/1800 e o filho dela, donde vem o meu ramo, ele nascido em 30/03/1832 na mesma localidade da sua mãe. Mas temos no nosso grupo, colegas que chegaram a beiram até os anos de 1300 com sua pesquisas.

MH – Qual foi o fato mais interessante que você conseguiu revelar com a sua pesquisa familiar?

NS – O que achei interessante, conforme constam em registros eclesiásticos, foi a vida da minha imigrante, que nunca mais casou, ajudou a criar seus netos, foi madrinha inúmeras vezes na comunidade que frequentava e viveu até os oitenta e nove anos. Ela veio ao Brasil junto com outra família, talvez afilhada dela, pois tinha exatamente o mesmo nome e esta era casada também com um Schmidt, e soube por relatos dos descendentes destes, que as duas foram muito amigas até seus últimos dias, tanto que foram enterradas bem próximas uma da outra, mas, infelizmente, um deslizamento cobriu parte do cemitério que existe até hoje.

MH – Que conselhos você daria para aqueles que estão começando agora a pesquisar as suas famílias?

NS – Primeiro, não façam as suas pesquisa sozinhos. Juntem-se a outros pesquisadores. Segundo, anotem tudo num caderno ou computador, juntem tudo o que é documentos, fotografias antigas.Terceiro, procures os seus avós, seus tios, conversem a respeito, procurando resgatar fatos, anotando ou gravando tudo. Muitas vezes, num pequeno detalhe, dito por alguém, está a chave de outras informações.Quarto,  procure os cemitérios onde estão enterrados seus ancestrais, limpe as lápides, ou as reforme se for o caso, pois nelas contem muitos registros. Manter estes locais em boas condições, é manter em nossas memórias as virtudes e tudo aquilo de bom que eles legaram aos seu filhos, netos, bisnetos e chegaram até nós.

MH – E para alguém que já anda pesquisando há algum tempo mas que não sabe como continuar sua pesquisa?
NS – Uma única dica, e fundamental, junte-se a outros pesquisadores. Pois sempre tem alguém em algum lugar, que está mais adiantado, ou até já passou por algo que se procura, ou, passou ao lado e viu. É muito comum se ouvir:
– “Você está procurando por este nome? Por que não me falou antes? Pois pesquisando um ramo da minha família encontrei estes que você procura”!
Ou seja, pesquisa genealógica não se faz sozinho.

Muito obrigada, Nélio por esta entrevista!

Se você quiser conhecer o site GenealogiaRS, clique aqui.

Comentários

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  • Rodrigo Trespach

    13 de março de 2014

    Parabéns ao Nélio e ao Genealogia RS!

  • Valdir Artur von M¨hlen

    13 de março de 2014

    Nélio
    Podes não acreditar mas li toda tua entrevista, foi muito boa.

  • LEDA STOCKER RIES

    13 de março de 2014

    ENTREVISTA DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA QUEM DESEJA INICIAR A SUA ÀRVORE GENEALÓGICA. PARABÉNS SR. NÉLIO.TENHO RECEBIDO MUITA AJUDA DESTE GRUPO DE GENEALOGIA E ESTOU COM A MINHA RELAÇÃO DA FAMÍLIA STOCKER,BEM ADIANTADA.

  • Leonardo Schneider

    13 de março de 2014

    Excelente entrevista. O GenealogiaRS é um grupo fantástico, com genealogistas experientes e talentosos que, após anos de pesquisa, dispõem de informações que são verdadeiros tesouros para os novatos que recém começaram a estudar a história de seus antepassados. Parabéns a eles e ao Nélio.

  • Sílvio Aloysio Rockenbach

    13 de março de 2014

    Nélio Schmidt é um dos tantos benfeitores da humanidade que se dedicam à incansável tarefa de prescrutar o passado e o presente e (r)estabelecer laços e valores familiares que tanto incomodam aos destruidores de uma sociedade que deveria zelar por sua preservação para sua própria defesa. Quanto mais desvinculado de laços familiares, mas fácil presa se torna a pessoa das drogas, da criminalidade e de todos os agentes desagregadores da sociedade. Pela importância da matéria, ela vai linkada no portal e distribuída pela mala direta BrasilAlemanha Neues para mais de 143 mil destinatários. Parabéns, parceiro Nélio, e muita luz noseu futuro! Sílvio Aloysio Rockenbach, editor BrasilAlemanha e coordenador das Comemorações dos 190 Anos da Imigração Alemã no RS (1824 – 25 de julho – 2014).

  • Alexandre Steffen

    14 de março de 2014

    Fantástico… um pesquisador do bem comum, que pensa na construção da sociedade a partir da civilidade conjunta merece o seu devido espaço e o máximo respeito. A história agradece!

  • LILIANA SCHMITT

    14 de março de 2014

    Grande, grande Nélio Schmidt !!!!! Parabéns!!!! Excelente!!!!

    “É feliz quem gosta de se lembrar de seus ancestrais, quem fala com alegria de seus feitos e de sua grandeza e que , no final da bonita fila, vê colocado , silenciosamente o seu próprio nome. ”
    Johann Wolfgang von Goethe

  • Susana Augustin Herrmann

    14 de março de 2014

    Parabéns pela ideia de formar parcerias tendo em vista uma causa comum a todos:descobrir quem somos,
    de onde e como viemos e assim conhecer e compreender nossa origem!

  • Aloi SchneiderAloi Schneider

    14 de março de 2014

    Ola Sr. Nélio
    Hoje visitei 4 Cemitérios no interior de Pelotas procurando meus ancetrais e encontrei alguns registros, foi meu primeiro passo nesta grande aventura!

  • Guaraci Greff

    15 de março de 2014

    Parabéns ao Nélio, pelos excelentes serviços prestados à genealogia!

  • Mara marlene GEWEHR

    3 de abril de 2014

    Parabéns. bom saber. Uso o site My heritage mas alguns parentes acham que nossa vida fica muito exposta.

  • Helga Hofmeister Lang

    24 de abril de 2014

    Parabéns Nélio, pelo trabalho que estás realizando. Tenho o histórico da família Hofmeister desde aproximadamente ano 1600, consegui alguns dados no CHF Centro Histórico da Família da Igreja dos Mórmons. Tem uma interrupção a partir de 1879, quando meu bisavô imigrou de Felbach-Stuttgard para o Cáucaso, Pyatigorks, onde meus avós moraram até que não se tem mais notícias. Já fiz contato até com o Consulado Rússo, mas não há vestígios, dos descendentes .
    Se tiveres algum acréscimo a fazer meu email é

  • Marco Kreimeier

    24 de abril de 2014

    Parabéns, Nélio.
    O GenealogiaRS é fantástico sempre, enriquecendo nossas pesquisas, os encontros mensais são formidáveis.

  • Ellen Reis

    24 de abril de 2014

    Que maravilha!!!!!!

  • alderico leandro alvares

    24 de abril de 2014

    parabens senhor Nélio. Eu vivo a pesquisar a procedencia da minha familia, significado de nomes – do meu pai era Joao álvares – e da minha mãe era Reinéria Leandro. Os Leandro foi um pouco mais facil. Os do meu pai, eu sei pelo fato de saber que Alvares pode vir de Espanha ou Portugal. Fui mais a fundo e decobri uma procedencia dos Álvares vindos da regiao do Caico RN. E parei nesse ponto. Eu gostaria de me inscrever com a sua marca pois admito ter nos Leandro uma parte germanica. Leao – leandro -. Agradeço por sua ajuda.

  • Elimar Johann

    24 de abril de 2014

    Li a entrevista de ponta à ponta. Como já tive contato anterior com o sr. Nélio Schmidt, tive minha curiosidade aguçada pela entrevista. Faço votos que o trabalho dele e o dos cerca de 100 pesquisadores, prospere.
    Quanto à antiguidade genealógica: tenho o privilégio de poder retroceder até por volta do ano de 1700 no registro dos meus antepassados, paternos e maternos. Por sinal, pelo lado de minha mãe(Stein) descendo de tronco procedente de cidade próxima à Birkenfeld do Nélio, mais precisamente de Idar-Oberstein, no Hunsrück.

  • PR. SAMUEL BEZERRA MAURICIO

    24 de abril de 2014

    PARABÉNS “Nélio J. Schmidt” POR SEU FATIGANTE, PORÉM BRILHANTE E INCANSÁVEL TRABALHO NA VALORIZAÇÃO DA FAMÍLIA ATRAVÉS DAS INÚMERAS ÁRVORES GENEALÓGICA; FINALIZO DIZENDO:

    “Êxodo
    3:15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.”

  • PR. SAMUEL BEZERRA MAURICIO

    24 de abril de 2014

    FIQUEI FELIZ AO VER EM MEUS E-MAILs O DO SR. NÉLIO J. SCHMIDT E TIVE A SATISFAÇÃO DE LER TODO O E-MAIL.

    DEUS CONTINUE VOS ABENÇOANDO NESTA BRILHANTE TAREFA E VOS RECOMPENSE!

  • Moacir Fernando Brinker

    24 de abril de 2014

    Nélio, gostaria de iniciar uma pesquisa de meus ancestrais, que são da região de Lajeado, Forqueta( Brinker)
    Cordialmente
    Moacir

  • Werner Erwin Lüder

    25 de abril de 2014

    Parabéns Nélio, excelente a entrevista !
    Abraço,
    Werner

  • Inez Mendes da Silva

    2 de maio de 2014

    Nélio, estou procurando de que cidade da Itália vieram os descendentes Zanchett e Rosa Badia, familiares de minha mãe. E também os familiares do trisavô de meu pai, vindo da Espanha, (Fernandes Mendes). Principalmente em que porto, desebarcaram.

  • Nélio J. Schmidt

    9 de maio de 2014

    Olá amigos que escrever aqui.
    Muito obrigado pelas manifestações.

    Os que quiserem me contatar, sintam-se a vontade
    pelo e-mail do contato, no site:

    Abraços

  • Elisa Soares

    11 de julho de 2014

    É interessante ter-se conhecimento sobre o grande interesse que actualmente há pela pesquisa das raízes familiares.

  • Observer

    5 de agosto de 2015

    Sem dúvida alguma é um trabalho interessante para resgatar a nossa história,mas sei de muitos que se passam por pesquisadores e genealogistas,mas copiam pesquisas de outros…Sem mencionar a fonte ou dar os devidos créditos.Talvez muitos não sabem que existe o direito do autor na internet também.Recentemente soube que muitos destes estão usando o Geneanet,copiando pesquisas de outros membros e…O que o sr.Nélio e myheritag tem a dizer sobre este terrível fenômeno?E a este propòsito:Sr.Nélio,não vejo motivos para ter me bloqueada na sua page,uma vez que não faço parte do seu grupo.Ou certas pessoas não podem ver o que vocês publicam? Ela não deveria ser publica?Tranquilo,minhas origens busquei de pessoa na Alemanha,sou contra o plagio.