Olá Wither,
Continue tentando documentar, os melhores momentos da genealogia são quando as paredes que encontramos se desmoronam diante de nós e encontramos histórias incríveis e fantásticas. e então o prazer de descobrir a verdadeira história nos motiva ainda mais a buscar nossa história familiar.
Achei engraçado um dia destes, um e-mail que recebi.
Alguns e-mails, nem precisam ser disfarçados, são descarados mesmo. Este, em especial, trazia uma pergunta sobre genealogia muito interessante e tinha o seguinte teor: “… é preciso pôr a minha sogra na árvore?” Isso é briga, e briga da brava.
Então, como é que se responde a uma pergunta desta sem criar uma briga de família? Sem receber uma resposta do tipo “… você está de qual lado? Do lado dela?”
A primeira coisa que eu procurei no e-mail é se ele não teria algum tipo de “com cópia para a minha sogra” o que poderia me envolver em uma disputa pouco diplomática e causar um drama maior. Nunca se sabe, não é?
Pensei a respeito, e a vontade que tive foi responder perguntando se na árvore o nome da sogra estaria como “Chocadeira” ou “COBRA” (e que isto não dê ideias para ninguém). Você está achando engraçado, mas é sério. Muitos e-mails que recebo têm teor igual ou pior que este. Alguns chegam ao cúmulo de “… aquela fulana, esposa do meu primo…” ou “… como faço para EXTRAIR o sicrano…”, sem dúvida, ao pensar em extrair, o usuário é um dentista.
Ovelhas negras ou inconformados?
Lembrei-me de que, em 1995, ao iniciar minhas pesquisas, comecei fazendo algumas entrevistas com parentes. Tinha uma técnica toda especial, primeiro perguntava do tempo.
Se estava chovendo – o assunto era o sol, e vice versa. Depois eu falava ou de futebol ou de carro, isso acalma o entrevistado, depois é que eu entrava no assunto genealogia. Anotando tudo, eu fazia as perguntas e entrava em detalhes que pudessem me levar mais longe.
Pergunta vai, pergunta vem, e quando se chegava a um determinado ponto, quando eu tocava no nome da Vó Neguinha, um dos nomes de minha pesquisa, a conversa voltava lá para o início, desconversava para tempo, carro e futebol.
Era um mistério, pois a Vó Neguinha era o limite de minha pesquisa.
Um dia, recebi a visita de um parente sem as papas na língua, que me esclareceu o mistério. Ninguém queria comentar sobre a Vó Neguinha, pois ela era alcoólatra. Assim, como algumas pessoas chamam o câncer de “doença ruim”, algumas pessoas também não gostam de comentar sobre as coisas “feias” de sua família. E então eu faço uma pergunta: E alguma família é perfeita? Ninguém conhece alguma coisa de alguém da família que possa comprometer?
Respondida a pergunta acima, me diga. Quem entra e quem não entra na árvore? Eu lhe respondo: Todos entram independente das ocorrências. Não existem ovelhas negras e sim pessoas inconformadas com a vida.
Olhe só. Você já deve ter ouvido que a história é contada pelo vencedor. Essa máxima está em muitos livros famosos. Mas, se quem conta a história é o vencedor, o sensato vai aceitar, mas somente o sábio procura a verdade.
Como pesquisadores, não podemos nos prender nestes “problemas”.
Determinadas histórias na família não serão muito agradáveis, mas mesmo assim, serão a nossa história e os personagens destas histórias são nossos familiares que em suas fortalezas, ou suas fraquezas, contribuíram de alguma forma para que a família esteja constituída. Não podemos ignorar os suicidas, os sentenciados, nem ninguém que, por algum motivo, tenha sido fraco. Afinal, qual é o padrão que diferencia estas pessoas? O nosso? Ele está certo? Já vi muita ovelha negra se olhar no espelho e se achar branca.
Em Árvore Genealógica não se define quem entra ou não, todos entram, ou melhor… Já entraram. O importante é que talvez este perfil em sua árvore mereça um tratamento todo especial, com a busca das razões que levaram esta pessoa a ser considerada “inconformada” e talvez você venha a descobrir segredos fantásticos, tramas e desfechos dignos de uma película e que levará você a uma história incrível e empolgante.
Como você acha que responderia ao e-mail da “sogra”?
Eu fiz o seguinte, recomendei apaga-se a ficha da sogra, mas para isso é necessário apagar primeiro os netos, depois o casal e por último a sogra e isso leva a conclusão que sem os inconformados, não existiriam as demais ovelhas.
Na minha pesquisa, se a Vó Neguinha, que cambaleava pela rua, era motivo de piadas e trazia tanto desgosto aos parentes, fosse simplesmente “extraída”, quem poderia nos dizer quantos de nós teríamos nascido? Efeito Borboleta? Teoria do Caos?
Procure fazer pesquisas que te levem ao resultado sem os preconceitos. Você é um historiador e não um juiz.
Em história, você tem três opções e uma verdade: ou é o vitorioso e conta a “sua” história, ou é o sensato e deixa as coisas como estão, ou é sábio e procura a verdade. Das três opções só existem uma verdade. Sempre haverá questionamentos e ninguém quer ser desmentido.
Hoje, com as ferramentas disponíveis de pesquisa em MyHeritage, ficou bem fácil e onde existir um Arquivo Digitalizado, haverá alguém de MyHeritage na busca deste arquivo para trazer para você.
Ontem apresentamos mais de 500 milhões de novos nomes em milhões de documentos originais. Nestes arquivos, (Record Matches), que já somam quase 5 bilhões, já é possível se encontrar imagens até de fichas criminais, (mugshots), e estes arquivos são comuns no mundo inteiro e vão estar disponibilizados em nosso banco de dados, veja um exemplo abaixo, isso poderá enriquecer muitas árvores genealógicas pelo mundo. E lembre-se, se você tem em sua árvore um inconformado (a), não se preocupe, nenhuma família é 100% e toda Família é uma história emocionante.
Quer comentar, comente. Quer criticar, critique. Ou seja sensato.
Wither de Souza Gama
3 de maio de 2013
… olá…
… estou construindo minha árvore há algum tempo … o que mais tem é problema … descobri que poucos sabem os nomes corretos e completos … as datas de nacimento … o grau de parentesco … 90 % de uma familia não sabe ou não conhece 10 % de outra … e vice-versa … mas o que mais me chamou atenção foi a propensão para a nobreza / riqueza … nunca ou quase nunca para a humildade / pobreza … a árvore prossegue ou não prossegue por isso … Wither