Caro Vilson,
Também mantenho o nome original. Quando ainda não havia registro civil, uso o nome registrado nos livros eclesiásticos. O programa que uso permite anotar um outro nome pelo qual a pessoa é conhecida (a.k.a. = também conhecido/a como). Por exemplo, Philipp Valentin Ebling era chamado apenas de Valentin Ebling.
No início, o registro civil permitia nomes em alemão, mas os amanuenses geralmente não falavam alemão e por isso aportuguesavam os nomes, gerando problemas. Pòr esse motivo meu padrinho Werner Rudi Korndörfer (n.1911) teve o seu nome oficial transformado em Werno Ruth (!!!). E por aí afora.
A partir de 1938 passou a ser obrigatório o aportuguesamento dos nomes e as igrejas evangélicas passaram a fazê-lo também. Portanto, se um Korndörfer nasceu depois de 1938, eu procuro usar o nome do registro civil.
Outra coisa que não deveria ser traduzida é o nome das cidades e regiões de um país. Por exemplo, como posso encontrar o rio Meno num mapa da Alemanha? Ele não existe: chama-se Main. A Alta Francônia na realidade é Oberfranken, e por aí vamos.
Abraços
Entendendo datas de eventos – 5 erros comuns cometidos por pesquisadores de genealogia e como evitá-los
- Por Silvia


Este texto foi escrito por Laurence Harris, chefe de Genealogia do Reino Unido em MyHeritage.
É importante registrar não apenas os principais eventos dos nossos antepassados, mas também a data em que cada evento ocorreu.
Normalmente, existem várias fontes que indicam a data de um evento. Por exemplo, para uma morte, podemos encontrar a data da morte indicada no atestado de óbito, uma lápide, um obituário no jornal e um testamento. No entanto, as datas indicadas devem ter sido documentadas utilizando as convenções de calendário e de registro do local e período em que o evento ocorreu originalmente, ao invés do calendário e as convenções que um pesquisador estará familiarizado hoje. O erro, ao desconsiderar o contexto original de um evento, ou documento, muitas vezes resulta em erros na compreensão de quando um evento realmente ocorreu.
Abaixo estão listados cinco dos erros mais comuns que ocorrem em interpretação de datas, juntamente com algumas sugestões sobre a forma como estes erros podem ser evitados ou corrigidos.
1. Misturar os formatos de data americanos e ingleses
“Elizabeth Green nasceu em 12/11/1904.” Historiadores da família nos EUA tendem a interpretar inicialmente esta data como 11 de dezembro de 1904. No entanto, os do Brasil provavelmente interpretariam esta data como 12 de novembro de 1904. Apenas uma delas pode estar correta! O contexto do registro original e também o contexto de onde qualquer transcrição posterior ocorreu irá ajudar a determinar se este foi um nascimento em novembro ou dezembro. Procure outras transcrições próximas, em um mesmo documento, para ver como outras datas são registradas. Se você encontrar outra data registrada como, por exemplo, 12/13/1904, então o 13 deve ser o número do dia (já que mês 13 não existe), então a convenção americana de mm.dd.aaaa foi usada. Neste caso, Elizabeth Green nasceu em 13 de dezembro de 1904. No entanto, se você encontrar outra data como 13/11/1904, então você pode deduzir que o primeiro número é o dia e, consequentemente, Elizabeth Green nasceu no dia 13 de novembro de 1904.
Para evitar possíveis confusões no futuro, ao gravar datas em sua árvore genealógica é melhor usar o mês por extenso ou uma abreviação alfabética (por exemplo nov. para novembro) em vez de usar um número do mês (por exemplo, 11 para novembro).
2. Erro em reconhecer e converter datas do calendário juliano para datas gregorianas
O calendário Gregoriano foi introduzido pela primeira vez pelo Papa Gregório em 1582, em Veneza, substituindo o antigo calendário Juliano. O novo calendário alterou a maneira em que os dias bissextos eram calculados ou acrescentados, de forma que a duração de média de um ano combinasse melhor com a duração de um ano solar, garantindo assim que as festas religiosas cristãs fossem comemoradas no tempo correto do ano.
Diferentes países mudaram do calendário juliano para o calendário gregoriano em datas diferentes. França, Espanha e Portugal (e também o Brasil) foram os primeiros a adotar em 1582. A maioria dos países protestantes, no entanto, não aceitou o calendário gregoriano até o século 18 (por exemplo, a Grã-Bretanha e suas colônias em 1752) e alguns países não adotaram este calendário até o início do século 20 (por exemplo a Rússia em 1918).
“O casamento ocorreu hoje, 7 de julho de 1903, entre Szmelka Kurland … e Sura Rozenbaum …” Este é um extrato de um registro de casamento da cidade de Miechow (Polônia). Então, de acordo com o calendário local, o casamento ocorreu no dia 7 de julho de 1903. No entanto, para interpretar isso corretamente, é preciso entender que, em 1903 Miechow estava localizada na província de Kielce do Império Russo, e que a Rússia ainda estava usando o calendário Juliano neste momento. Existem vários conversores de datas julianas para gregorianas online. Ele dá a data gregoriana correspondente, usada pela maioria dos outros países em 1903, como 20 de julho de 1903 (ou seja, 13 dias mais tarde).
Se você tem antepassados em sua árvore de vários locais diferentes, num passado mais distante, então é recomendado inserir a data principal de um evento com a data Gregoriana, de forma consistente, mas também anotar a data original Juliana.
Outro erro comum em compreender as datas do calendário juliano é assumir que o primeiro dia do novo ano (ou seja, o dia em que o ano virou) era 1 de janeiro. Muitas vezes, não era. Por exemplo, na Inglaterra e suas colônias, entre 1155 e 1751, cada novo ano começou sempre no dia 25 de março! Assim, por exemplo, na Inglaterra, o dia seguinte ao 31 dezembro de 1749 foi o 1º de janeiro de 1749. E o dia após o 24 de março de 1749 foi o dia 25 de março de 1750.
Isso pode ser comprovado pela lista de enterros de Norwich, Norfolk, Inglaterra, de 1749, como consta nos Registros de Transcrição do Bispo de Norfolk (disponível para visualização em MyHeritage). Veja a Figura acima. As inscrições funerárias são sequenciais e corretamente mostram o enterro de Anne, esposa de James Goodbody em 27 de novembro de 1749, antes do enterro de Bridget Howman que foi enterrada em 12 de janeiro de 1749.
Deve-se observar que datas entre 01 de janeiro e 24 de Março são por vezes escritas como “datas duplas”, por exemplo “17 de fevereiro de 1745/6” (com 1745 sendo o ano Juliano e 1746 sendo o Gregoriano) e alguns historiadores da família preferem escrever datas Julianas neste duplo formato de data.
3. Incompreensão de datas de outros calendários especiais/religiosos
Ao longo dos tempos e em diferentes locais, muitos calendários diferentes, além do Juliano e Gregoriano, têm sido utilizados.
Por exemplo, a partir do final de 1793 até 1805 o calendário Republicano / Revolucionário Francês estava em uso na França. Um dos objetivos era eliminar as influências religiosas do calendário. Cada semana tinha10 dias com o décimo dia de cada semana sendo um dia de descanso e de festa substituindo o sábado dos judeus. Cada mês tinha três semanas e havia 12 meses em um ano. Além disso, no final de cada ano, em meados de setembro, cinco ou seis dias extras de festividades foram adicionados para deixar o ano com 365 ou 366 dias de duração. Novamente o contexto é importante: se você tiver um documento francês deste período, então será importante converter a data Republicana da França para uma data do calendário Gregoriano para ajudar a compreensão. Felizmente, existem vários conversores, incluindo um dentro do MyHeritage Family Tree Builder.
Da mesma forma, algumas religiões têm seu próprio calendário. Por exemplo, existe o calendário islâmico ou muçulmano que é um calendário com base lunar que compreende doze meses de 29 ou 30 dias, com o total de 354 dias. Ao contrário de muitos outros calendários, não há nenhuma tentativa de manter as festas numa mesma época a cada ano. Consequentemente, a cada ano as festas muçulmanas e datas ocorrem cerca de 11 dias mais cedo no calendário gregoriano que no ano anterior.
O calendário hebraico ou judeu é um calendário lunissolar. Os meses são baseados na lua e têm 29 ou 30 dias cada. No entanto, ao contrário do calendário muçulmano, a cada dois ou três anos um mês bissexto é inserido no ano para que as festas judaicas continuem a cair durante a mesma época em cada ano. É importante lembrar que cada dia do calendário hebraico começa ao cair da noite e dura cerca de 24 horas. Por isso, se um evento inicia-se durante a noite, então ele é anunciado com a data hebraica do dia seguinte.
4. Misturando a data de um evento com a data em que o evento foi registrado ou informado
Os eventos são muitas vezes oficialmente registrados ou gravados em uma data posterior ao acontecimento. Por exemplo, na Inglaterra, há um período de seis semanas após o parto em que o nascimento deve ser registrado. Também os índices de nascimentos em inglês para 1837-1983 foram organizados por trimestre (ver Figura 3).
Assim, o registro do nascimento para HARRIS, Kevin M., que aparece no registro de Janeiro, Fevereiro e Março de 1954, poderia muito bem se referir a um nascimento que ocorreu durante as últimas seis semanas do ano de 1953 (e, possivelmente, até mesmo antes, se o registro não foi realizado no prazo normal de seis semanas). Portanto, seria um erro concluir a partir da entrada “1954”, que o nascimento ocorreu em 1954. Uma maneira de ter certeza seria pedir uma certidão de nascimento completa, que teria, é claro, registrada a data real do evento de nascimento.
5. Supor que as datas em um documento foram registradas com precisão
Os documentos podem conter erros de data por uma variedade de razões. Pode haver erros se o provedor da informação não sabia a data exata de um evento, ou se a sua memória da data real de um evento falhou. Em tal situação, o provedor da informação pode tentar adivinhar ou aproximar a data, especialmente se ele não estava presente no evento. Isso acontece frequentemente em certificados de óbito, quando é necessária a data de nascimento do falecido e o informante pode apenas saber a idade aproximada.
Também ao fornecer informações poderia haver razões pelas quais as informações de data foram deliberadamente falsificadas. Por exemplo, se uma pessoa queria se casar contra a vontade de seus pais mas ainda não havia atingido a idade necessária, então eles poderiam ter falsificado sua idade ou data de nascimento.
Erros também ocorreram com frequência devido a dificuldade de ouvir ou compreender tanto a pessoa que fornece as informações quanto a pessoa que registra as informações
Consequentemente, as datas e as idades em um documento deveriam idealmente ser checadas com outras fontes independentes para os mesmos dados, tanto por razoabilidade quanto por consistência.
Resumo
Sempre verifique o contexto original do evento e, de preferência, no documento em que foi registrado pela primeira vez, a fim de evitar erros na compreensão de quando o evento realmente ocorreu.
Para confirmação de uma data, especialmente quando não pode haver dúvida sobre sua precisão ou interpretação, sempre tente encontrar um ou mais documentos independentes relativos ao mesmo evento.
Ao gravar datas em seus próprios registros, se você padronizar uma data para um calendário moderno sempre anote qualquer mudança que você tenha feito em conjunto com detalhes de como a data foi originalmente escrita e, se possível, inclua uma imagem do texto original. Isso pode ser facilmente feito ao registrar um fato em sua árvore genealógica no MyHeritage.
Vilson Voigt
22 de janeiro de 2015
Muito bom este artigo abordando datas, me ajudou a compreender melhor este assunto.
Sugestão de um outro artigo para este blog com o Título: “Como inserir os nomes corretos na árvore”. Nos meus trabalhos de construção da minha árvore, vejo muita variação nos nomes das pessoas, como: nome de nascimento, nome de batismo, nome em alemão, nome “abrasileirado”, etc….
Sempre que possível, eu mantenho o nome original do registro de nascimento, ignoro os outros tipos de nomes.
Pergunta: Qual a forma correta para manter um “padrão” de nomes?