Frequentemente nossos usuários nos perguntam se é difícil fazer pesquisa genealógica em Portugal, ou em Angola e quais são as diferenças em relação ao Brasil. E nós quase sempre respondemos que o que realmente é necessário é a dedicação, a paciência e a perseverânça.
E é com isso em mente que damos o exemplo de uma usuária portuguesa, que vem pesquisando suas raízes há algum tempo e com muito sucesso! Ela nos dá excelentes dicas de como fazer pesquisa no Velho Continente e ainda disponibiliza o seu email para contato, para trocar ideias ou auxiliar outros pesquisadores!
Carla Maria Fernandes é Psicóloga Clínica e Psicanalista, filha de portugueses, nascida na cidade de Serpa Pinto, atual Menongue – Angola. Em fins de 1975, devido à guerra civil, sua família refugiou-se no Brasil. Estudou Gestão de Empresas e Psicologia Clínica. Já adulta viveu também na Itália e Inglaterra, mas foi em Lisboa que reencontrou sua Terra… e por lá ainda anda!!
Boa leitura!
“Nasci em Angola enquanto território português e, após a revolução, meus pais, após um ano de esperança que ainda fosse possível por lá ficar, viram que era impossível. A alternativa de retornar a Portugal foi trocada pela de procurar um país “com mais oportunidades”. Penso que o espírito aventureiro e navegador do meu pai prevaleceu, além de fazer parte do ADN familiar e português.

1968 - Angola, cidade de Serpa Pinto. O camião ao fundo é do meu pai, que deve ter sido o fotógrafo, e a menina branca no camião é a minha irmã mais velha com 6 anos.
Com isso houve uma quebra de convívio com a família alargada, pois alguns tios que também estavam em Angola retornaram a Portugal. Nessa altura eu era uma menina de 6 anos e as memórias e os laços familiares ainda não estavam consolidados. Com o passar dos anos, nomes e locais tonaram-se confusos para meus pais, talvez pela dor da saudade, talvez pela dolorosa surpresa de terem de recomeçar a vida após os 40 anos.
Por esses fatores e outro, fui uma criança que cresceu sem saber o nome dos avós, tios, primos, etc. Isso realmente era muito estranho… Ver meus amigos a falarem de tanta família e eu não ter ideia de quem eram meus antepassados. Aos poucos, ainda menina, fui descobrindo sozinha. Guardava fotos antigas, sem saber ao certo quem eram as pessoas. Cópias de documentos que chegavam até mim também eram guardadas.

1974 - Últimos momentos da Angola pacífica, em que ainda era possível fazer piqueniques a beira do Rio Cuando Cubango... eu, minhas irmãs, mãe, tios, primas e meu irmão.
Aos 20 anos e após algumas aventuras pela Europa decidi iniciar a árvore genealógica, mas foi somente aos meus 30 anos que comecei a pedir ajuda ao meu pai, que nessa altura havia retornado a Portugal. A busca intensificou-se quando comecei a conviver com meus tios em Portugal, mas sempre encontrava relatos fragmentados.
De 2003 a 2013, sempre que tinha a oportunidade passeava por cemitérios e visitava as Conservatórias, sempre em busca do rastro familiar há muito perdido.
Foi em agosto de 2013, que finalmente consegui a certidão de nascimento e de óbito da minha avó materna, que havia morrido nos anos 40. Esse momento jamais será por mim esquecido… era o elo que faltava para conseguir perceber quem era quem. De repente éramos 70 pessoas. Parecia-me um grande feito! Via o brilho nos olhos dos meus primos, que também descobriam alguns familiares dantes desconhecidos.

1936 - Família Fernandes: Em pé - Minha avó com meu tio ao colo, meu avô, minha tia avó, meu bisavô. Sentada: minha bisavó com meu pai ao colo.
Hoje, passado um ano, somos 752 pessoas na árvore, das quais 258 vivas.
Mas a minha busca ainda não está finalizada: sempre que visito um familiar peço para ver os álbuns de fotografias da família e, às vezes, com sorte vou dando rosto aos meus antepassados.
Sinto que finalmente tenho grandes histórias para contar! Sinto que muitos dos meus antepassados finalmente podem ser honrados pelos seus feitos!!!!
Aos que querem construir sua árvore deixo aqui algumas dicas. Aos brasileiros, que por muitos anos me acolheram em seu país, e pelo qual sou sempre muito grata penso ser importante ter em mente:
- A organização municipal de Portugal é bastante diferente do Brasil – Para localizar seus antepassados deverá saber a freguesia ou paróquia a que pertencia (que normalmente é citada na certidão de nascimento), pois apenas o nome da cidade nem sempre é suficiente.
- Antepassados – Nascimentos, óbitos e casamentos anteriores a 1900, para a maioria dos Distritos portugueses, já estão disponíveis on line. Para localizar faça a pesquisa por “Arquivo Distrital <<nome do distrito>>” (por exemplo: Viseu, Porto, Guarda, etc). Além disso é permitido pesquisas presenciais, sem custo.
- Datas desconhecidas – os cemitérios são sempre uma boa fonte. Com intervalo de ano é sempre possível conseguir que o funcionário da Conservatória faça a busca, mas para isso é necessário ter o nome dos pais.
E por último ao MyHeritage que através da ferramenta possibilitou essa construção fica cá o meu Muito Obrigada!”
Nós é que agradecemos, Carla, pelo seu relato e por dividir a sua história conosco! Quem quiser contactar a Carla poderá fazê-lo através do email: fernandes.carlamaria@hotmail.com
Bemvinda Teresinha Cidade
20 de agosto de 2014
É muito saber que atravé do myHeritage posso deixar a meus descendentes um pouco da minha hist´ria.