Todos aprendemos, nas nossas aulas de História, sobre as invasões holandesas no Brasil, que ocorreram no Nordeste do país, entre 1624 até a Insurreição Pernambucana, em 1654. Naquela época lutava-se pelo controle do açúcar e também pelas fontes de suprimento de escravos.
No entanto, este não foi o único momento em que os holandeses foram para o país. Vários trabalhadores pobres da Província de Zeeland e da Ilha de Schouwen-Duiveland e também da Península de Zuid-Beveland, sonhando em possuir terras no desconhecido e distante Brasil, foram tentar a sorte no país.

Imagem: Família de camponeses oriundos de Zeeland, no Espírito Santo
Trabalhadores, na sua maioria analfabetos, foram recrutados em bares e partiram com esposas e filhos, através do porto de Antuérpia, para o Brasil. Eles não esperavam uma vida muito difícil no novo continente, no entanto, as promessas feitas revelaram-se falsas. A propriedade de terra e uma casa confortável não passaram de mentiras, alguns registros mostram que tudo que encontraram foram telhados com folhas de palmeiras. E dinheiro para voltar para casa simplesmente não havia.
Para recrutar famílias na Europa foi criada pelo ministro Luiz Pereira de Couto Ferraz a Associação Central de Colonização (ACC), através de uma lei no dia 2 de abril de 1855. O objetivo era encontrar mão de obra (especialmente agricultores e artesãos) que quisesse ir para o Brasil por conta próprio ou por meio de subsídios.
Assim, entre 1858 e 1862 cerca de 700 holandeses da região de Zeeland partiram para o Brasil em busca de uma vida melhor. Muitos deles permanceram no distrito de Holandinha e ainda hoje há descendentes que vivem na região do Espírito Santo. Isso explica porque é que ainda agora há famílias brasileiras com nomes como Boone, Laurett, Heule, Van Schaffel, Choke, Louwers e Den Hollander.

Imagem: Artigo de jornal do site krantenbankzeeland.nl, comentando sobre as famílias pobres que imigraram de Cadzand (em Zeeland), pagando apenas 5 florins pela viagem.
O jornalista e historiador Arjan van Westen e sua esposa Monique Schoutsen pretendem contar mais detalhes sobre a jornada destes imigrantes e conscientizar as pessoas sobre a existência destas famílias através do documentário Braziliaanse Koorts (Febre brasileira). Através do seu website www.braziliaansekoorts.nl (em holandês) eles estão também angariando fundos para a produção do documentário e do livro Op een dag zullen zij ons vinden (Um dia eles irão nos encontrar). Os doadores podem escolher entre diversos pacotes, em alguns deles o doador garante a menção do seu nome no livro que será publicado em breve ou a presença na estréia do documentário.
O documentário é baseado na pesquisa genealógica de Ton Roos e Margje Eshuis, que publicaram “Os Capixabas Holandeses. Uma História Holandesa no Brasil”, com tradução para o português de Ruth Stefanie Berger.

Holandinha
Trata-se de um projeto belíssimo que conta uma história pouco contada, tanto da perspectiva dos desbravadores que deixaram suas casas para uma aventura nas Américas, quanto da dos descendentes dos pioneiros de Zeeland que querem manter vivos os relatos destas famílias. Foi uma pesquisa intensa para preservar os depoimentos deste povo – uma missão nada fácil, já que a história dos Holandeses no Espírito Santo ainda não havia sido escrita e, nos arquivos, muitas vezes seus nomes eram registrados junto à alemães ou pomeranos.
O livro está disponível para download aqui.
Nos anos 70 do último século, o grupo de Zeeland foi redescoberto por um missionário flamengo e muitas viages aconteceram após este primeiro contato. Na página do Instituto Meertens podem ser ouvidas várias gravações de áudio com alguns dos descendentes.
Temos aqui algum descendente de holandês? Adorariamos saber mais sobre você, nos comentários abaixo!
Veronica Vanda Gomes
21 de outubro de 2013
Gostaria de saber de um holandes que passou por Portugal e mudou o nome para Francisco Pio Moreira de Lima, ele era caldereiro e fazia tambem tachos de bronze, era cigano e não gostava se trabalhar em fabricas, seus tachos eram os melhores.foi o avô de minha mãe.Viveu no Brasil.