Registros históricos: rastreando uma família pela Iugoslávia, EUA e Brasil

Registros históricos: rastreando uma família pela Iugoslávia, EUA e Brasil

Muitos de nós têm sede de informações sobre a vida dos nossos antepassados. Talvez nós tenhamos algumas pistas sobre os lugares onde eles viveram e o que faziam, mas temos vontade de saber ainda mais sobre suas vidas. Como e porque eles tomaram as decisões que iriam causar um impacto nas gerações futuras?

Uma usuária do MyHeritage do Brasil também ser perguntava as mesmas coisas. Ela queria saber mais sobre os seus bisavós e o período em que viveram nos EUA. Ela então se dirigiu ao nosso parceiro de confiança Legacy Tree Genealogists, para encontrar as respostas sobre sua família.

No processo de imigração da Iugoslávia para o Brasil, seus bisavós Joseph Wright e Emily Horvat passaram vários anos nos Estados Unidos. Seu avô Joseph Wright inclusive nasceu no país, na cidade de Racine, Wisconsin. Com isso veio a curiosidade de saber o máximo possível sobre a época dos EUA e também os anos anteriores, na Iugoslávia (agora Croácia).

Os Legacy Tree Genealogists tiveram muita sorte em encontrar registros históricos fascinantes. Veja o que eles descobriram e também como usar este tipo de registros para encontrar informações sobre sua própria família.

Censos

Joseph Wright e sua esposa Emily moraram em Racine na maior parte do tempo em que ficaram nos Estados Unidos. No censo de 1920, eles moravam na 1044 Franklin Street com seus quatro filhos: William, 5; Elizabeth, 4; Joseph, 2 anos e 8 meses e James, 5 meses. Joseph era proprietário da sua casa, pagava hipoteca e alugava partes da casa para duas famílias com quem não tinha parentesco, provavelmente para aumentar a renda.

Imigração

Joseph Wright chegou em Nova Iorque no dia 7 de julho de 1911, no navio S.S. Adriatic, que havia saído de Southampton, na Inglaterra, nove dias antes. Na lista de passageiros, ele se declarou como Croata, da cidade de Mlinska, Áustria-Hungria e disse que nasceu na Áustria. A parente que vivia mais próximo era a sua esposa Emily Wright, também em Mlinska, donde se conclui que Joseph casou com Emily Horvat Wright antes de se mudar para os Estados Unidos. Dois anos mais tarde, Emily Wright saiu de Liverpool, Inglaterra a bordo do navio S.S. Franconia em direção a Boston, Massachusetts, onde chegou em 24 de outubro de 1913. Na altura, Joseph já havia se mudado para Racine.

No entanto, apesar da busca intensa, os genealogistas nunca puderam encontrar documentos de naturalização para Joseph. É possível que ele nunca tenha se naturalizado, especialmente se ele viveu por pouco tempo nos EUA. Possivelmente, Joseph deu entrada no processo mas não chegou a concluí-lo. Além disso, quando Joseph e Emily deixaram os EUA, não foram encontrados pedidos de passaporte – um indicativo de que eles realmente não eram cidadãos americanos.

Registros vitais

Foi feito então um pedido de registros vitais a partir do Cartório de Registros de Racine. Os documentos de imigração de Joseph e Emily deixaram transparecer que o casamento havia sido realizado antes da mudança para os Estados Unidos, então não foi encontrado um assento de casamento no estado de Wisconsin. Porém, foi sim encontrado um registro de nascimento do filho Joseph Wright, em 2 de maio de 1917, em Racine. Seus pais, Joseph Wright e Emily Horvat Wright moraram n Avenida Hamilton, 1620, em Racine. O local de nascimento do pai, Joseph, foi dado como Hungria e o da Emily como Áustria.

Pediu-se então pelos registros de nascimento dos irmãos de Joseph, nascidos em Wisconsin. Com isso, descobriu-se que Joseph e Emily tiveram cinco filhos, um falecido antes do nascimento do filho mais velho, William, em 1914. Todos os registros de nascimento, com exceção do de Joseph, mencionavam uma criança falecida. Talvez Emily estivesse grávida ou já tivesse tido o filho, quando seu marido Joseph foi para os EUA. Também ficou claro que a família mudava bastante, a cada novo nascimento, eles já estavam em uma outra residência.

Registros eclesiásticos

Foram procurados registros relacionados à famíia de Joseph para o condado de Dauphin, na Pennsylvania e o de Racine, no Wisconsin. De acordo com a cliente, oseph Wright tinha sido batizado na Primeira Igreja Luterana de Racine. Esta foi construida na Villa Street, 700, em 1849 e o seu santuário, frequentado pela família, em 1897.

Primeira Igreja Luterana de Racine. Gentileza do site FirstRacine.org

Primeira Igreja Luterana de Racine. Gentileza do site FirstRacine.org

Foi feita uma busca no índice de Racine e uma seleção das igrejas contemporâneas, antes de se entrar em contato com a Primeira Igreja Luterana de Racine, para que os registros da família Wright fossem disponibilizados. A igreja contribuiu generosamente com a pesquisa, disponibilizando os registros de nascimento de Joseph e seus irmãos.

Assento de batismo de Joseph Wright

Assento de batismo de Joseph Wright

Listas telefônicas

Listas telefônicas ajudam a detectar pessoas em determinado local e período, incluindo informações importantes como igrejas, cemitérios, órgãos públicos, além de pessoas com o mesmo sobrenome, na mesma área. A tabela abaixo mostra os endereços da família em Racine, compilados de vários locais, incluído listas telefônicas.

Aqui está uma tabela com os endereços conhecidos de Joseph Wright, em Racine, Wisconsin:

Registros militares

Um cartão de alistamento militar da Primeira Grande guerra ligado a Joseph Wright, morados da Avenida Hamilton, 1620, em Racine, também foi encontrado. Nele, ele declarou várias coisas: sua intenção de se tornar um cidadão americano, que era cidadão alemão, nascido na Alemanha. Ele foi maquinista na Mitchell Motor Co e responsável pela sua esposa e três filhos. A Mitchell-Lewis Motor Car Company manufaturava automóveis customizados que construía de tudo, com exceção a rodas, pneus e equipamento elétrico. Ela fechou suas portas depois de um período de especificações desastrosas, publicidade ruim e o advento da Primeira Grande Guerra.

Automóvel construído pela Mitchell Automobile Company, em postal de 1911.

Automóvel construído pela Mitchell Automobile Company, em postal de 1911.

No verso deste postal, havia uma descrição física de Joseph: ele tinha estatura média, olhos castanhos, cabelo castanho escuro e não tinha nenhuma deficiência. Embora sua nacionalidade e a ortografia do sobrenome difiram levemente de outros registros, o nome da rua, o número de filhos e o de funcionário bateram exatamente.

Assinatura de Joseph no cartão de alistamento da Primeira Guerra. DOCUMENTO 16.

Assinatura de Joseph no cartão de alistamento da Primeira Guerra. DOCUMENTO 16.

Jornais e Emprego

O Racine Daily Journal publicou um artigo em 1917, listando Joseph Wright e outros funcionários da Mitchell como compradores do $100 Liberty Bonds. Durante a Segunda Guerra, a Secretaria de Tesouro dos EUA (uma espécie de Ministério da Fazenda) encorajou os cidadãos americanos a comprarem títulos do governo chamados de Liberty Loans. Artistas bem conhecidos faziam cartazes de propaganda para os títulos públicos. Os pôsteres, no entanto, raramente tinham a palavra “guerra” nas propagandas, eles eram sempre chamados de Liberty Loans ou Liberty Bonds. Os compradores podiam trocar os títulos depois com juros de 3.5%, o ao mesmo tempo que contribuíam com o governo com uma injeção de capital.

Uma breve história de Mlinska

De acordo com listas de passageiros, Joseph e Emily eram de Mlinska – o registro de Emily especifica o local como parte da Croácia. A vila ficava perto da cidade de Hravostac, Croácia. Em 1865, o Barão Tikery, proprietário de terras em Daruvar, precisava de dinheiro. Por isso ele desmatou uma antiga floresta de carvalho e levou a madeira para a estação de trem mais próxima. Milhares de acres em volta de Daruvar e Pakrac ficaram inutilizáveis, de forma que o Barão Tikery dividiu a terra em lotes. Os administradores do seu patrimônio encontraram compradores para as terras, principalmente filhos e filhas de imigrantes alemães que haviam se estabelecido na Hungria. Milhares de colonos se dirigiram às pressas para esta nova área, ansiosos em deixar para trás a devastação causada pela Guerra de 30 Anos na Europa Central. A vila era chamada de Hrastovac e vilinhas próximas (como a comunidade luterana de Mlinska) também se estabeleceram por lá, de acordo com princípios religiosos. O contexto geopolítico da época, com mudanças frequentes de suas fronteiras, explica o motivo pelo qual os Wrights eram chamados nos registros americanos, ora de alemães, ora de húngaros, ou austríacos. Os três estavam tecnicamente corretos, dependendo do contexto.

Depois da Primeira Guerra, muitas famílias, como os Wrights, ou Horvats, partiram de Mlinska em direção à América do Norte ou do Sul. Eles tiveram sorte, pois a Segunda Guerra foi um período terrível para os suábios do Danúbio, que viviam no Reino da Hungria. Embora eles já vivessem há 200 anos na sua pátria por adoção – a Hungria – o ódio em relação a Hitler, compartilhado pelos húngaros, também se estendeu aos alemães imigrados. Mlinska foi atacada partidários em 1942 e muitas pessoas foram mortas ou levadas para os campos de extermínio.

Registros eclesiásticos de Hrastovac

A transcrição de registros da igreja croata provaram ainda mais que Joseph Wright e Emily Horat eram de fato de Mlinska, perto de Hrastovac. Na lista de passageiros de Emily Horvat Wright, constava o nome de seu pai – Edvard Horvat. O seu batizado também foi descoberto na transcrição dos registros da igreja. Ela nasceu em 16 de dezembro de 1892 em Mlinska, filha de Edvard Horvat e Emily Broz e foi batizada no dia 20 de dezembro de 1892 pr Mihaly Grbics, um padre católico grego de Pasian. Mlinska e Hrastovac eram pequenas vilas, sem pastores ou padres residentes. Os filhos do vilarejo eram batizados por qualquer autoridade religiosa que estivesse no local, independente da religião do padre ou pastor. Os registros da Igreja Luterana mostram que Mihaly Grbics realizou todos os batismos entre agosto e dezembro de 1892, o que poderia indicar que os pastores luteranos estivessem viajando, ou doentes. Junto aos nomes dos pais de Emily, Edvard Horvat e Emily Broz, tinha uma marca “evang.” confirmando que eles não eram católicos ortodoxos.

Embora o tempo alocado para a nossa pesquisa terminou aqui, ainda se encontram disponíveis muitos registros, que traçam a história da família Wright e Horvat, no decorrer do tempo. Nós adoramos descobrir mais sobre eles, durante o tempo em que viveram nos EUA, através de documentos do censo, de imigração jornais, registros militares e da igreja. A família representa um grupo único de pessoas que, embora etnicamente fossem alemães, tentaram fugir da opressão de vários países, seguindo um sonho de melhorar de vida, antes de se instalarem na América do Sul.

Nossa cliente comentou: “Quando eu comecei a ler a primeira linha do meu relatório familiar, eu não consegui mais parar. Foi incrível ler a história da minha própria família e descobrir tantos detalhes que eu não conhecia. Muito obrigada pelo ótimo trabalho e pelo relatório tão organizado e profissional.“

Registros vitais, de imigração, do censo ou jornais presentes no SuperSearch™ podem ser um tesouro incrível, repleto de informações, para você descobrir a história da sua família.

Você também tem famílias de imigrantes multi-culturais na sua árvore genealógica? Deixe o Legacy Tree Genealogists ajudá-lo a desvendar as suas histórias Contrate um pesquisador ainda hoje.

Comentários

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  • ANTONIO OLIVEIRA NASCIMENTO

    26 de janeiro de 2018

    Gostaria de saber de familiares em Portugal e sua localização

  • Kátia Lopes

    13 de fevereiro de 2018

    Onde encontrar listas telefônicas on line do Brasil-Sao Paulo?

  • eugenio gomes de oliveira

    14 de fevereiro de 2018

    boa noite, gostaria de saber sobre a origem da minha familha

  • Silmara Terezinha Carvalho

    15 de fevereiro de 2018

    Meu avô era da Iugoslávia e filho de poloneses mas não achamos os registro nem dele nem da minha vó que era Iugoslávia só que era filha de hungareses e tb não temos os registros dela o nome deles era Florian Pitel e Julia Pitel é só que sabemos me ajuda?

  • Marcos Vinicius Carpes

    17 de fevereiro de 2018

    Na década de 90, forneci material do meu DNA para Equipe de Genealogia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também conhecidos como Mórmons. Essa coleta aconteceu em Florianópolis e nunca mais tive notícias a respeito desse trabalho.
    Sou um estudioso de Genealogia e pesquisei o meu sobrenome, documentadamente até o ano de 1741, quando nasceu o avô de todos os CARPES brasileiros, Simão Pereira de Carpes.
    O grande embaraço na minha história genealógica é que Simão Pereira de Carpes, alegou aos Vigários que Batizaram os seus filhos, de que ele era filho de Simão Pacheco e Francisca Xavier, iniciando um novo sobrenome em todos os 13 filhos que batizou.
    Esto esperançoso que vocês tenham registros genealógicos envolvendo o sobrenome Carpes/Pacheco.

    Atenciosamente,

    Marcos Vinicius Carpes

    • Karen

      19 de fevereiro de 2018

      Olá Marcos, embora tenhamos algumas parcerias com os mórmons, não temos acesso a nenhum projeto de mapeamento genético que eles tenham feito. Para saber mais detalhes sobre isso, recomendo que entre em contato com eles. Você já começou a criar a sua árvore no site do MyHeritage?

  • Bernadete Coelho da Silva

    11 de junho de 2018

    Eu , Bernadete Coelho, gostaria de saber sobre meus avós portugueses. Meus pais vieram para o Brasil e nunca mais retornaram á Portugal. Deixaram lá seus pais, irmãos e demais parentes. Senti muito por minha avó , que nunca mais viu o seu filho, que embora vivo, nao deu notícias… Meu pai! O nome da minha avó era: Maria Diga Domingas. Morava em São Pedro, freguesia de Castro Daire, Viseu. Portugal. Seu esposo, meu avô: Antonio Coelho, idem mesmo local. Grata, Bernadete Coelho.

  • Lucirene Rosendo

    3 de outubro de 2018

    Boa tarde!
    Gostaria de saber como proceder sobre informações de registro do avó do meu marido, ele era espanhol de Málaga, veio para o Brasil -São Paulo com 7 anos , chama-se Felix Fernandes (z) nasceu no dia 15/12/1907 sua mãe chama-se Maria Fernandes (z) pai: Pedro Fernandes (z), sei que nessa época muitos registros se perderam, tempos de guerra, talvez ele até tenha um outro nome do meio que não sabemos.

    Muito obrigada por sua atenção.

    Lucirene

  • LUCIANO MARCONE

    29 de abril de 2019

    Olá ! Sou neto de Iugoslavos por parte de mãe e de italianos por parte de pai.

    Infelizmente meus avôs já faleceram, e acabei nunca conseguindo saber exatamente de qual região da antiga Iugoslávia eles vieram. Ou, como dizia meu avô (o qual eu chamava de Ota que é avô em alemão), JUGOSLÁVIA com “J” mesmo, que segundo ele era como deveria ser escrito.

    Tanto meu avô como minha avó (que eu chamava de Oma, que é avó em alemão) vieram pequenos com os pais e irmãos da antiga Iugoslávia para o Brasil no início dos anos 20. Mas nem eles sabia muito bem explicar de qual região eles eram. Minha tia, que é filha deles, também não sabe. Assim como também não sabemos qual a etnia. A pista que tenho é que eles eram católicos, e sabiam falar alemão…

    Adoraria saber mais sobre minhas raízes… Mas é muito difícil encontrar informações sobre a imigração Iugoslava no Brasil, pois não foi grande.

    Tanto meu avô quanto minha avó chegaram no Brasil nos anos 20 com 3 ou 4 anos de idade e foram morar na região da Vila Prudente, Vila Zelina em São Paulo, junto com outros povos do leste europeu, como húngaros, lituanos…

    Parte da família de meu avô (Dolezar) foi para Wisconsin nos EUA. A família de minha avó tem o sobrenome BIRK.