70 anos depois um reencontro!

Este texto é uma tradução de um artigo do blog inglês, escrito por minha nova colega Jess Katz, que ingressou na equipe para cobrir a licença maternidade da nossa colega Esther Shuman. Ela conta a história (emocionante!) da sua própria família. Boa leitura!

Como mais nova integrante da equipe de marketing do MyHeritage, eu gostaria de me apresentar a vocês, com uma história bastante pessoal, da minha família, e como eu fiz uma descoberta que mudou minha vida para sempre.

Há um ano aconteceu a coisa mais incrível do mundo – encontrei o irmão do meu avô, que perdemos durante o Holocausto.

Meu avô era meu herói. Desde pequena eu tinha uma verdadeira adoração por ele. Eu tenho muitas lembranças com ele que estão gravadas na minha alma e que me acompanham aonde quer que eu esteja. Lembro de andar de bicicleta com ele, de fazer piadas sobre vacas vermelhas, de ouvir ele contando histórias e, acima de tudo, eu me lembro do números azuis tatuados em seu braço.

Meu avô e eu

Meu avô e eu

“Vô, por que você tem estes números no seu braço?”
“Eu estive no Holocausto.”
“O que é um Holocausto?”
“Pessoas más mataram minha mãe, meu pai, minha irmã e eu perdi meu irmão.”
“Por que?”
“Porque nós somos judeus.”
“Como você perdeu seu irmão?”
“Ele escapou para a Rússia, durante a guerra, e eu nunca o encontrei. Eu procurei por ele em todos os lugares, por muitos anos, mas eu simplesmente não sei o que aconteceu com ele.”

Meu avô costumava derramar algumas lágrimas durante estas conversas, mas conforme eu fui crescendo, ele foi se abrindo mais e mais. Seus doces olhos azuis de 90 anos se endureciam e entristeciam, como se ele fosse um homem jovem novamente, experenciando os horrores da guerra pela primeira vez.

A tatuagem de Auschwitz no braço do meu avô

A tatuagem de Auschwitz no braço do meu avô

Meu avô, Abram Belz,  passou a sua vida tentando encontrar seu irmão. Ele cresceu em Piotrków Trybunalski, na Polônia, com seus pais (Idel e Malka Ruchel Belzycki), a irmã Gitel e o irmão, Chaim. Todos os irmãos estavam com aproximadamente 20 anos quando a guerra começou e cada um deles teve um destino diferente.

Chaim escapou do gueto de Piotrków Trybunalski em 1939 e fugiu para a Rússia. Em 1941, a irmã do meu avô morreu no gueto, de tuberculose e, em 1942, meus bisavós foram deportados e assassinados no campo de extermínio nazista de Treblinka.

Meu avô foi enviado a vários campos de concentração diferentes durante o Holocausto, incluíndo Auschwitz e Mauthausen. Ele sofreu imensamente, mas de alguma forma ele conseguiu sobreviver. Sua missão de vida foi tentar encontrar seu irmão, para poder saber o que aconteceu com ele.

Nós temos caixas e caixas em nossa casa, com papelada referente à nossa busca por Chaim. Mas a cada ano recebíamos uma resposta de que Chaim não tinha sido encontrado e que muito provavelmente ele não tinha sobrevivido à guerra.

No ano passado eu decidi começar a pesquisar. Eu usei as mídias sociais e a internet para me ajudar a encontrar o maior número de informações sobre Chaim possíveis. Depois de apenas 10 dias de pesquisa eu encontrei o filho do irmão do meu avô – Evgeny!

Recebi um email que mudou minha vida. Uma mulher me disse que ela leu meu artigo sobre Chaim e que ela pensava ter encontrado um dos filhos de Chaim na Ilha de Sakhalin, na Rússia. O filho, Evgeny, disse que todas as informações que eu havia postado batiam com seu pai. Nós marcamos uma conversa pelo Skype para aquela noite e preparamos perguntas que apenas um filho do Chaim seria capaz de responder.

Minha mãe, minhas três irmãs e eu, todas amontadas na cama da minha mãe, ficamos esperando o Evgeny ligar pelo Skype.

“Oi Jessica! Nem vou falar como eu estou emocionado e das coisas que andam passando pela minha cabeça no momento, pois estou simplesmente sem palavras. Por enquanto vou te mandar apenas uma foto do meu pai. Você tá vendo alguma semelhança?”

Meu avô (esquerda) e seu irmão Chaim (direita)

Meu avô (esquerda) e seu irmão Chaim (direita)

Ele mandou a foto do seu pai e minha mãe deu um grito e caiu no chão. Chaim era um xerox do meu avô. Ela começou a chorar sem parar. Para ela, ver uma foto do seu tio era um sonho se tornando realidade e ela mal podia acreditar que estava falando com seu primo.

“Nós estamos tão felizes que não conseguimos parar de chorar!”

Evgeny, “Eu também estou com meus olhos cheios de lágrimas e com um nó enorme na garganta.”

Nós marcamos mais uma conversa com câmera para a manhã seguinte. Foi uma noite em que ninguém dormiu. Como dormir na noite anterior ao encontro com uma pessoa que você procurou sua vida toda? Na manhã seguinte, nós falamos por mais de duas horas, trocando lágrimas, risadas, fotos e histórias.

Desde o dia em que nós nos reencontramos não passou um dia sequer em que nós não conversamos, mesmo com a barreira do idioma. Graças a Deus pelo Google Translator!

Evgeny e eu criamos uma árvore genealógica no MyHeritage, para que nós pudéssemos mostrar um ao outro quem era quem na nossa família. Nós tinhamos muitos parentes para conhecer! MyHeritage foi super importante pra gente, pois podíamos compartilhar a história da nossa família, mas cada um lendo na sua própria língua. A cada vez que Evgeny adicionava uma nova pessoa à árvore, eu recebia uma notificação automática do MyHeritage e eu ia aos poucos conhecendo mais sobre um lado da minha família, que eu nem sabia que existia.

Depois de alguns meses da nossa descoberta, a filha do Evgeny, Yulia, e sua neta Anna foram da Rússia para Nova Jersey, para nos visitar. A gente se entendeu de cara, acho que era o nosso DNA falando mais alto.

Evgeny, Yulia e Anna

Evgeny, Yulia e Anna

Apesar da gente mal se conhecer, nós sentimos uma conexão familiar logo de cara, nós temos o mesmo senso de humor e o mesmo jeito de encarar a vida. Poucos meses depois nós encontramos o Evgeny pela primeira vez.

No segundo em que minha mãe o viu no aeroporto, ela saiu correndo para abraçá-lo, sem conseguir segurar as lágrimas. Os dois se abraçaram e choraram juntos, com o coração cheio de alegria, mas também totalmente partido.

Pois este encontro era ao mesmo tempo o momento mais feliz e o mais triste da vida dos dois.

Infelizmente, meu avô e seu irmão Chaim faleceram muitos anos antes de nós conseguirmos nos encontrar. Eles viveram suas vidas um procurando pelo outro, sem saber ao certo que o outro ainda estava vivo. Eles viveram vidas em paralelo, sempre esperando e sonhando em encontrar o outro.

Apesar do sonho dos dois nunca ter se realizado em vida, ele acabou se realizando mais tarde, através dos seus filhos e netos. Embora tudo estivesse contra nós, depois de mais de 70 anos de busca, nós encontramos a nossa família, perdida no Holocausto.

No ano passado, nós ficamos muito próximos de Evgeny e sua família.

Evgeny e eu

Evgeny e eu

Mas é com o coração cheio de tristeza que eu tenho que dizer que Evgeny faleceu há poucos meses. Apesar de eu ser muito grata pelo fato de ter tido um ano para conhecê-lo e amá-lo, foi um choque perdê-lo.

Sua morte tornou mais importante para nós a união familiar, especialmente para as gerações futuras. O amor que meu avô deu a todos nós nos levou a encontrar seu irmão e fechar a lacuna que minha família sentia durante várias décadas. Nossas vidas foram mudadas para sempre.

Fato é que esta descoberta não mudou apenas minha vida, ela mudou até a minha carreira. Estou tão orgulhosa de trabalhar para o MyHeritage, uma empresa que ajuda famílias em todo o mundo a se encontrar, a saber mais sobre as suas histórias, a descobrir mais sobre o seu DNA e de onde cada um realmente vem.

Comentários

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  • Rodrigo

    10 de novembro de 2017

    Sei que aqui não é o local pra tirar dúvidas mas, vou tentar pois já fiz de tudo e não consigo resolver o problema.

    Antes de mais nada, linda a história do artigo.

    Estou terminando minha árvore no myheritage (que meus familiares adoraram, inclusive) mas estou enfrentando um problema ao gerar a arvore como “descendentes”.

    O problema é que aparece uma mulher desconhecida ao lado do meu irmão, já tentei de tudo, refiz o casamento dele com a minha cunhada (que é e sempre foi sua única esposa) e essa figura feminina “desconhecida” não desaparece. Ela só aparece quando gero a árvore, quando só visualizo essa figura não aparece (se aparecesse eu iria na opção excluir, e pronto).

    Alguém, por favor, pode me ajudar, não sei mais o que fazer ?

    Obrigado.

    • Karen

      14 de novembro de 2017

      Olá Rodrigo, você já entrou em contato com o nosso suporte? O email para contato é: