Carta para as gerações futuras

Carta para as gerações futuras

Há poucos dias pedimos aos leitores do blog de MyHeritage que nos enviassem uma memória, para ser guardada para as gerações futuras. Recebemos dezenas e dezenas de emails, comentários aqui no blog, ou nas nossas mídias sociais e até mesmo cartas reais! Foi uma felicidade enorme saber que tantos de vocês têm a preocupação de escrever as próprias memórias, para que os nossos descendentes se lembrem de nós e daqueles que já faleceram.

Diante desta participação tão especial resolvemos aumentar a nossa premiação e escolhemos não apenas 1, mas 3 vencedores. Queremos parabenizar Ricardo Lino Olonca, Izilda Senteio Riado e Maxswel dos Santos pelas lindas histórias que nos enviaram. Vamos reproduzir abaixo, trechos das mesmas, já que o espaço é pequeno para as contribuições completas.

Obrigada pela participação de todos!

1- Ricardo

Introdução

-Bebê, eu “tô” grávida!

Foi com essa frase, dita quase que sussurrando, que sua mãe anunciou o resultado do teste de gravidez comprado na farmácia. Eram quase 5 da manhã do início de fevereiro de 2009. Após quase dois anos tentando e várias desilusões finalmente minha esposa estava esperando o tão sonhado bebê.

Neste momento, um resumo da minha vida passou diante de mim. Comecei a pensar em toda a minha existência, todo o que tinha passado até aquele momento. Pensei em meus avós e em meus pais. Pensei em todas as decisões corretas e erradas que tomaram e que influenciaram a minha vida. Pensei em todas as coisas boas e ruins que fiz e em como isso tudo iria influenciar você, meu filho.

Então decidi escrever esse relato. Contar um pouco da minha história, e a história da família Olonca. Sabia que um dia meu filho iria querer saber de onde o nome Olonca surgiu, por que moramos em São Paulo, no bairro de Itaquera; por que seus avós, tios e primos moram tão longe. Tudo isso está escrito aqui.

Além disso, eu não queria escrever apenas um relato. Queria que você não errasse onde eu errei, que aprendesse com meus erros. Portanto, neste relato, eu tento expor o que eu pensava em cada fase de minha vida, em cada situação, e o que me fez tomar certa atitude (certa ou errada, não importa), para que você tenha mais chances de acertar.

Esse relato também é uma oportunidade de lembrar tudo o que passei. Todos os amigos, eventos, situações, emoções, alegrias e tristezas. Uma viagem no tempo! Quem nunca sonhou em voltar ao passado e rever algum momento feliz, ou consertar alguma coisas errada que fez? No meu caso, não posso corrigir os erros, mas posso evitar que meu filhos os cometa. Relembrar todos esses fatos me faz ter a certeza de que, apesar dos problemas, minha vida teve mais momentos felizes do que tristes, e os tristes a gente nem lembra tanto. Agora os momentos felizes é que me fazem chorar de saudade quando escuto uma música ou vejo um filme antigo, quando vejo uma foto, ou quando converso sobre o passado.

Tentarei ser o mais sincero e honesto possível, mas confesso que tem coisas que a gente se envergonha de ter feito e preferimos esquecê-las. Falar sobre isso é difícil. Publicá-las, então, é no mínimo vergonhoso. Mas prometo me esforçar para contar tudo. Nesses casos, evitarei citar nomes para proteger a privacidade das pessoas.

A origem do nome Olonca

Diz a lenda que meus avós paternos vieram da antiga Iugoslávia, da região de Sarajevo, atualmente território da Bósnia. Devido a perseguição imposta pelo Marechal Tito, meus avós escolheram fugir do país no final dos anos de 1930. Chegaram em um navio clandestino e se instalaram na cidade de Jaboticabal, interior de São Paulo.

Meus avós se conheceram no navio e se casaram alguns anos depois. Meu avô não queria apresentar os documentos para efetuar o casamento civil com medo de ser extraditado. Após algumas discussões e garantias, meu avô consentiu em casar no papel.

Meu avô se chamava Pietr Holowka e não cheguei a conhecê-lo. Pietro era severo. Meu pai me contou que uma vez dormiu na praça da Sé com medo do meu avô. Minha avó era Marija Saphun Holowka e faleceu por volta de 2003. Marija fumou desde criança. Ainda me lembro de ir de vez em quando comprar alguns maços de cigarro Clássico para ela, um ou dois por dia. Minha mãe não se dava bem com ela e com a família do meu pai de modo geral. Por isso eu acabei não me aproximando muito também, apesar de morarmos no mesmo quintal. Lembro de dormir na casa dela apenas uma vez. Também lembro das simpatias que minha avó paterna fazia, com um copo, tesoura e uma frigideira com óleo. Lembro do feijão muito gostoso, sem muito tempero e com o caldo bem fino, sem amassar os grãos, mas que era um delícia. Também gostava de um prato que chamamos de Charuto, mas minha avó chamava de Rolupti, e consistia de carne moída misturada com arroz, e uma folha de alface envolvendo tudo. Ficava parecendo um charuto, só que mais grosso. Tinha também o Perorrê, uma massa com recheio de batata.

Além de meu pai, meus avós ainda tiveram o Miguel, que morreu por volta de 2004 sem deixar herdeiro, e minhas tias Ana, Rosa e Olga. Ana e Rosa possuem o sobrenome Olonca, mas Rosa ficou com o original. Miguel tinha o sobrenome Colonca, um erro do cartório. Ana casou com Toninho, mas se separaram. Eu nem me lembro dele. Teve as filhas Rosângela, Adriana e Ana Paula. Rosângela casou com Carlos e teve o Tiago. Adriana casou com Paulinho e teve a Paulinha. Rosa casou com Alencar e teve Rosemeire, Reinaldo e Júnior. Olga casou com Valdir e teve Kelly, Kátia e Carolina. Meu pai, minha avó, Miguel, Rosa e Ana moravam no mesmo terreno. Geralmente eu me dava bem com meus primos, mas as vezes aconteciam algumas discussões. Analisando em retrospecto, isso era reflexo do mal relacionamento da minha mãe com a família do meu pai. Meu tio Alencar me deu uma cintada uma vez devido ao barulho que fazíamos brincando. Ele trabalhava a noite e queria dormir de manhã. Mas criança é criança. Isso causou uma grande discussão entre as famílias e fiquei com raiva dele por  muitos anos.

Minha tia Ana chegou a ter um fusca. Certa vez um amigo chamado Júlio fez uma chuva de bolinhas de gude pra molecada e algumas caíram no para-brisa e o quebrou. Minha tia só ficou sabendo quem era o responsável mais de duas décadas depois.

Minha tia Olga era, aos meus olhos, a mais rica. Lembro de um aniversário que fomos na casa dela e tinha um bolo maravilhoso com pedaços de morango. Nunca tinha visto um bolo assim tão bonito e tão gostoso. Décadas depois comentei sobre esse aniversário com minha tia numa visita que fiz para trocar figurinhas da copa de 2014. Ela se lembrou da festa e do bolo e me mostrou uma foto daquele aniversário e lá estava eu, em frente ao bolo de morango.  Mas geralmente nem éramos convidados para as festas. Da família do meu pai, o tio Valdir era o que eu mais gostava.

Meu relacionamento com meus tios paternos só melhorou depois que minha avó morreu. Minha avó, algum tempo antes de morrer, tinha se convertido ao protestantismo. Assembleiana, tinha uma profecia que dizia que a família dela só se uniria com sua morte. E isso foi um fato marcante e real, pois no velório é que descobrimos que a grande maioria dos seus filhos e netos também haviam se convertido, cada um em uma igreja diferente, em lugares diferentes. Dai pra frente a família ficou super unida.

Segundo o site www.myheritage.com.br/, meus bisavós paternos moravam na Rússia.

2-Izilda

Meus netos amados, vocês já pararam pra pensar que um dia seus avós foram crianças como vocês? Já brincamos, já desenhamos, já tivemos medo do escuro e de assombração?
O tempo passou, crescemos, formamos uma família, tivemos nossos filhos e nos tornamos vovô e vovó com muita alegria.
Passeamos juntos, contamos histórias, lhes demos chamego, colo e muito dengo; mas, também aprendemos com vocês. Como mexer no computador, no celular, até mesmo o whats app. Aprendemos a sermos mais liberais, e que o respeito e educação não estão associados a maneira informal de chamar os mais velhos pelo nome ou de você…
É meus queridos; aprendemos com nossos pais e avós, repassamos esses ensinamentos a vocês voltamos a aprender com os mais novos e esse é o ciclo da vida!
Gostaria que crescessem entendendo tudo isso. Não somos sábios o bastante pra dizer que tudo sabemos; mas também não somos ignorantes a ponto de esquecer tudo que nos foi passado geração a geração.
Pra terminar, transcrevo aqui uma frase que foi deixada pela minha avó, numa carta mais ou menos como esta: “Meus filhos, assim como o índio, quero que cresçam com a cabeça erguida e o coração livre de maldades. Enfrentem a vida com vosso olhar e pensamento sempre voltados a Deus Nosso Senhor”
Que Deus os abençoem, os guardem e os livrem de todo o mal.
Vinicius, Henrique, Victor, e quem mais vier; eu os AMO muito.
Vó Izilda

Trabalho de escola que fiz para meu neto no ano passado

Trabalho de escola que fiz para meu neto no ano passado

3-Maxswel

Catherine
Minha querida e amada filha, fui inspirado a escrever esta mensagem para que fique registrado no livro das memórias e nas páginas das boas lembranças, pois comecei a registrar uma viagem ao passado da história de nossa família e gostaria de continuar esta história por muitas gerações, tenho muitos documentos para anexar e histórias para registrar. Parece que foi ontem que eu era criança na cidade de Ubatuba e morava no Perequê Mirim, na casa onde hoje mora o seu tio Adenilson.Tive uma infância muito feliz e a graça de ter sido muito bem educado.

Posso dizer que aproveitei muito,  mesmo começando a trabalhar com a idade de 12 anos, não me arrependo de nada. No ano de 1998 fui para a cidade de Taubaté para servir o exército e lá no dia 14/10/1998 de uma maneira muito especial Deus colocou sua mãe no meu caminho namoramos e no dia 10/12/1999 foi nosso casamento.Tivemos um início de casados bem difícil na área financeira pois moramos na casa da minha vovó Isaura por um ano,  alguns meses na casa dos meus pais e por algum tempo na casa do vovô Roberto. Com muito custo compramos uma moto velhinha e muitas dificuldades compramos um terreno de meio lote onde hoje é a casa azul.

Nosso desespero para morar sozinhos era tanto que tomamos muita decisão precipitada. Improvisamos nossa moradia sem conforto algum mas começamos do zero,  não posso esquecer que o vovô Roberto deu um empurrãozinho para começarmos do zero.

Todos os dias eu e sua mãe saíamos bem cedo para trabalhar com chuva forte ou não, estávamos todos os dias prontos para o trabalho. Nosso plano sempre foi fazer ao máximo para que quando viesse uma filha (o) pudéssemos dar um mínimo de conforto. Compramos um carrinho velho affffff, este foi nossa maior alegria quando vendemos.

Graças a Deus depois de muito esforço, trabalho, economia, suor e noites mal dormidas conseguimos terminar nossa casinha e Deus preparou de conseguir comprar um carro melhor e começamos a planejar nosso primeiro filho (a).

Foi uma alegria muito grande quando eu soube que a mamãe estava grávida de você, fico emocionado quando penso. Hoje temos você com 8 anos e o Gabriel com 4 anos e são nossas alegrias. Se hoje  você olha e vê que tem conforto e não falta nada pra você e seu irmão,  de graças a DEUS pois nem sempre foi assim. Peço a Deus que ilumine seu caminho, e que a honestidade e a verdade sejam suas palavras.  Tenha Deus em seu coração e nunca se esqueça da sua família.

Quero muito ter informações dos meus antepassados e por isso comecei uma árvore genealógica no site MYHERITAGE assim posso organizar a busca e registrar as informações,  já consegui algumas informações muito importantes e estou a procura de mais e mais informações. Nesta data 12/10/2015 eu te declaro como GUARDIÃ MIRIM  DAS MEMÓRIAS da nossa família.

Sua missão será conversar com o papai, mamãe, vovô, vovó, titios e pedir para cada um uma foto e atras da foto cada um vai escrever  uma mensagem pra você.
Estas informações você irá guardar e no dia 12/10/2016  você vai me apresentar sua pesquisa e assim ganhará um baú que será o BAÚ DAS MEMÓRIAS ali você vai poder guardar todos os documentos, fotos e lembranças para quando você puder irá digitalizá-las e também você terá uma nova missão e mais um ano inteiro para executá-la…

Ao completar 18 anos você será a GUARDIÃ DAS MEMÓRIAS e passarei os documentos, fotos, histórias e acesso ao site, tudo aos seus cuidados e serei apenas seu auxiliar, assim você ficará com a missão de continuar os registros e algum dia passar o título de GUARDIÃ ou GUARDIÃO para qualquer membro da família, que você achar que merece.
E  saiba que em toda a geração existe um guardião e você vai descobrir com o tempo, ao contar suas histórias verás o entusiasmo e brilho nos olhos de quem estiver ouvindo.

Saiba que sempre te amarei, beijos de seu pai e amigo MAXSWEL DOS SANTOS.

Um feliz Dia das Crianças a todos! Que ele seja um dia repleto de acontecimentos que farão parte das nossas memórias futuras mais preciosas!

Comentários

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  • Maxswel

    16 de novembro de 2015

    Fiquei muito feliz em saber que a carta para minha querida filha foi um das escolhida. Estou super ansioso em poder curtir o acesso grátis por 1 ano.
    Agradeço muito a equipe My heritage pela oportunidade.

    • Karen

      17 de novembro de 2015

      Oi Maxswel, parabéns novamente! Entre em contato conosco através do email para que possamos saber qual é o seu site de família que deve ser liberado com a conta Premium!