Entrevista com o genealogista Anibal de Almeida Fernandes

Entrevista com o genealogista Anibal de Almeida Fernandes

Hoje temos o prazer de trazer para todos os leitores do nosso blog uma entrevista com o genealogista Anibal de Almeida Fernandes, que vem trabalhando há anos na sua árvore genealógica e que já encontrou nobres na sua família, além de um parentesco direto com o 1º Rei de Portugal – Afonso Henriques!

Boa Leitura!

MyHeritage –   Sr. Anibal o  senhor criou o site www.genealogiahistoria.com.br e tem se dedicado à pesquisa da história da sua família há algum tempo. Vejo que costuma usar uma nomenclatura mais didática na sua árvore genealógica.  Porque escolheu este tipo de identificação dos seus antepassados, como 5º avô, 6º avô, etc.?

Anibal Fernandes – O motivo, técnico, de fazer essas várias indicações é simplesmente para tornar mais compreensível a seqüência das gerações e tornar didático o entendimento de qual é o avô comum entre os interessados naquela seqüência familiar, pois eu constatei na prática, por vários e-mails recebidos, que a maior parte dos interessados não consegue identificar o grau do avô quando a seqüência dos filhos, netos, bisnetos, trinetos, etc, etc, é indicada apenas pelos números: 1, 2.1, 2.3, etc, e 3.1, 3.2 etc, e 4.1. 4.2 etc, etc, etc, pois quando, além do número está escrito 6º avô; 8º avô, etc, etc o interessado tem um fácil, didático e completo entendimento da seqüência de sua progênie.

Faço questão de relacionar os parentescos entre as famílias formando uma teia das ligações familiares, POIS (porém) é justamente esse fato que me instiga nas pesquisas, sempre objetivando formar um painel de entrelaçamento entre as várias famílias do Império e acabar com esses bunkers pretensiosos de isolar/fechar, o tal avô titular como se ele fosse algo raro e único e só daquela família, esquecendo-se que havia uma tremenda permeabilidade entre os vários membros da sociedade de poder e dinheiro que, na época do Império, foi agraciada com esses 1.211 títulos de nobreza dados pelos 2 Imperadores a apenas essas 986 pessoas, pertencentes a alguns clãs familiares que eu procuro identificar registrando o avô comum entre os titulares.
É imperativo para se entender o fluxo genealógico e sua importância na história da humanidade analisar essa premissa básica: que cada um de nós vivo tem 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 4ºs avós, 64 5ºs avós, 128 6ºs avós, etc, etc numa progressão geométrica que nos dá 500 milhões de 28ºs avós, ou seja, cada um de nós, hoje vivo, tem um número maior de 28ºs avós do que a população da terra a meros 800 anos atrás, ou seja, parentesco entre os humanos é a regra básica, não importando a que raça e segmento sociocultural pertença!

MH – Quando e porque o senhor começou a fazer pesquisa genealógica? Faz e fez a sua pesquisa sozinho ou alguém o ajudou?

AF- Comecei minhas pesquisas quando pensamos, minha mulher e eu, em ter um filho em 1975; eu pouco sabia de consistente da minha família, eram histórias esparsas, nomes e apelidos perdidos, numa tradição oral confusa e intermitente, que ponteava aqui e ali com lembranças de fazendas, títulos de nobreza, pessoas que se dispersaram ao longo da vida sem muita conotação com o que eu imaginava que seria uma memória consolidada de família e eu queria/precisava dar para esse meu futuro filho uma raíz/roteiro que conectasse tudo isso e o ajudasse a se reencontrar na seqüência correta, ele precisaria de alguém que recuperasse toda a seqüência para ele e os meus netos, pois passando mais uma geração, a memória se perderia para sempre!!!, algo me instigava a organizar/recolocar tudo aquilo tão fragmentado numa história/roteiro com começo, meio e fim. Para tal empreitada eu tive ajuda valorosa de minha mãe, do meu tio Mário, tia Alzira e tia Esther que me puseram a par das histórias do passado e me incentivaram a guardá-las e ampliá-las desde o tempo do livro do Arnaldo Arantes sobre a Família Arantes, nos idos de 50, afinal em toda família sempre tem aqueles parentes que são as valiosíssimas fontes primárias.

Clique para ampliar

Clique para ampliar

Havia algo que me chamava de dentro de mim para voltar aos que se haviam ido há muito tempo. Eu cheguei ao primo Francisco Klörs Werneck (+10/3/1986), Cidadão Vassourense em 1984, renomado genealogista desde os anos 40, profícuo pesquisador das paróquias fluminenses com vários trabalhos publicados de suas cuidadosas pesquisas in situ, que estruturam as famílias vassourenses, em especial os meus Avellar e Almeida, além disso, um espírita de grande peso, um dos maiores tradutores de Allan Kardec. Tentaram criar uma ponte falsa sobre uma avó para me confundir e que eu só consegui esclarecer graças ao Klörs e as coisas começaram lentamente a se ligar, sempre graças ao Klörs, ao meu também primo, Marcos Vieira da Cunha, (+20/5/1985), que tinha a memória viva da família e a presença física no cenário fluminense graças às 3 fazendas da família que recomprou e restaurou: Guaritá, Santo Antonio e Campos Elíseos, ao primo José de Avellar Fernandes de Vassouras, RJ, e sua pesquisa sobre as raízes européias dos Avellar e Almeida, e ao famoso pesquisador mineiro José Guimarães (+1/7/1987) de Ouro Fino, MG, que me levou ao meu 12º avô quatrocentão, Balthazar de Moraes de Antas e eu fui recuperando a estrutura de tudo aquilo que me viera como um puzzle desconexo e consegui recriar, nesses mais de 30 anos, a trama coerente de meu sangue, em suas várias origens que se interligam e fluem num tecido familiar que chega até hoje e me faz conectar com pessoas e entre elas encontrar gente que tem uma afinidade e empatia comigo que mostra a força atemporal do sangue.

MH – Qual é o objetivo principal da sua pesquisa?

AF- Meu objetivo principal nas pesquisas é tornar mais clara a interdependência geográfica e as ligações entre as famílias dos Titulares do Império, no século XIX, pois 2 dados se destacam:
1º) o Império começa em 1822 com cerca de 4 milhões de habitantes e termina em 1889 com cerca de 14 milhões de habitantes e nesses 67 anos de Império apenas 986 pessoas receberam 1.211 títulos do Imperador, ou seja, apenas 0,0070% da população do Império o que amplia, em muito, as possibilidades de parentesco e contraparentesco entre esses titulares e clãs familiares daí o cuidado em destacar os avós comuns e dar a teia de parentescos entre os titulares.
2º) quanto ao brasão é muito mais restritivo ainda, pois foram concedidos apenas 239 brasões nesses 67 anos o que significa que, apenas 0,0017% da população do Império foi agraciada pelo Imperador com um brasão e é meritório que as poucas famílias que os tenham, os conheçam.

MH – Qual é o tamanho da sua árvore genealógica e qual é o antepassado mais distante já encontrado?

AF- Graças a um primo, José de Avellar Fernandes, cheguei até Childerico, Rei Franco, pai de Clóvis, que foi o 1º Rei da França (veja abaixo, em inglês). Isto me deixou satisfeito, pois encontrei o significado da abelha que aparece como arma heráldica no brasão da família Avellar e Almeida.

# Jean-Jacques Chifflet: On May 27, 1653 a mason, Adrien Quinquin, working on the reconstruction of the church of Saint-Brice in Tournai, discovered a Merovingian tomb containing various articles, including a leather purse containing gold coins, a gold bracelet, some pieces of iron, and numerous pieces of gold cloisonnéed with garnets, among these the 300 bees. One of the pieces was a ring with the inscription CHILDERIC REGIS, identifying the tomb as that of Childeric I, father of Clovis. The discovery excited great interest in Tournai and Brussels. Archduke Leopold William, Spanish governor of the Netherlands, put his personal physician, Jean-Jacques Chifflet, in charge of studying and publishing the finds. In 1655 he published his work, Anastasis Childerici I Francorum regis, sive thesaurus sepulchralis Tornaci Neviorum effossus et commentario illustratus. Leopold William took the treasure to Vienna when he left the Netherlands in 1656. On his death, the treasure became the property of the Emperor of Austria, Leopold I. In 1665 Leopold gave the treasure to Louis XIV as a gift in recognition of the help of the French against the Turks and against a revolt of Austrian subjects in Hungary. The Bee: Symbol of immortality and resurrection, the bee was chosen so as to link the new dynasty to the very origins of France. Golden bees (in fact, cicadas) were discovered in 1653 in Tournai in the tomb of Childeric I, founder in 457 of the Merovingian dynasty and father of Clovis. They were considered as the oldest emblem of the sovereigns of France.


MH-  Qual foi o fato mais interessante que conseguiu revelar através da pesquisa familiar?

Brasão da Família Avellar e Almeida

Brasão da Família Avellar e Almeida

AF- A correta e importante projeção da família Avellar e Almeida de Vassouras, RJ, de meu 4º avô, Manoel de Avellar e Almeida, tudo graças a um formidável livro que um primo de Vassouras, Alberto Avellar de Mello Afonso (+2011), último neto vivo do Barão de Avellar e Almeida me deu:
O estudioso de Princeton, Stanley J. Stein, em seu livro Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900, editado pela Harvard Historical Studies, na pág. 16, informa que os grandes clãs familiares de Vassouras eram: Correa e Castro, Werneck, Ribeiro de Avellar, Paes Leme, Teixeira Leite e Avellar e Almeida, como pode ser visto na imagem abaixo (para ampliar, clique na foto):

Fonte

Fonte

MH – Que conselhos daria para alguém que está começando agora a pesquisar a sua história familiar?

AF- Procurar os mais velhos da família e registrar todas as histórias, todos os nomes, apelidos e fatos que eles lembrarem e, depois, se valer das fontes confiáveis que existem na literatura especializada para documentar com autenticidade o que ouviu, ou descobriu.

MH-  E para alguém que já anda pesquisando há algum tempo mas que não sabe como continuar a sua pesquisa?

AF- Procurar algum fato histórico ou algum personagem que tenha ligação com sua família e tentar encontrar alguma ligação documentada.

MH- Quais são os seus planos para a sua pesquisa genealógica em 2015?

AF- Estou aberto ao que vier, atualmente trabalho numa árvore que me leva a ser 28º neto de Afonso Henriques, o 1º rei de Portugal, graças à pesquisa de um primo, Vinícius da Mata Oliveira.

Мarcadores:

Comentários

O endereço de e-mail é mantido privado e não será mostrado

  • ANIBAL ALMEIDA FERNANDES

    28 de novembro de 2014

    À EQUIPE DE MyHERITAGE E, ESPECIALMENTE, KAREN HÄGELE, MUITO OBRIGADO POR TER CAPTADO COM SENSIBILIDADE, OBJETIVIDADE E PODER DE SÍNTESE AS MINHAS INTENÇÕES AO FAZER MEUS TRABALHOS SOBRE GENEALOGIA, ABS, ATENCIOSAMENTE, ANIBAL DE ALMEIDA FERNANDES

  • Pedro

    28 de novembro de 2014

    Ta vendo so primo, mais um elo entre nos. DA Mata pertence ao ramo Duque Estrada de meus avoengos.

  • Celso Kropf de Abreu

    29 de novembro de 2014

    Olá Anibal,

    Gostaria de saber se as suas pesquisas levaram aos Lemgruber.

    Eles imigraram da Suiça em 1819, sendo o casal Ignaz Leimgrüber e Luce Hartmann Leimgrüber. Vieram com sete filhos.

    O mais velho era o Anton Ignaz Leimgruber1805, que casou com Marianna Uebelhard – 09.04.1807. Tiveram dois filhos: Antônio Uebelhard Lemgruber 1841-02.06.1881 e Manoel Uebelhard Lemgruber 1845-20.07.1991.

    A família se deslocou de Nova Friburgo para Cantagalo (numa localidade onde hoje se situa São Sebastião do Alto ou Euclidelândia).

    O filho mais velho se deslocou para Aparecida – Sapucaia – RJ.

    Eles se casaram com as irmãs Rosa Maria Uebelhard e Leopoldina da Glória Uebelhard, que eram primas deles.

    Viúvo, em 1876 o Antonio Uebelhar Lemgruber veio a se casar com LUIZA VELHO DE AVELLAR 1850-25.02.1922 (nascida na região de Paty do Alferes ou Vassouras e FALECIDA EM PARIS-FRANÇA).

    O Antonio Uebelhard Leimgruber teria falecido atropelado por um bonde, em Laranjeiras-Rio, em 02.06.1881. Consta que aguardava o recebimento de um título nobiliarquico.

    A Luiza seria filha de Joaquim Ribeiro de Avellar (1º Visconde de Ubá) 12.05.1821-01.10.188 e de Mariana Velho de Avellar 1827-1898.

    A Luiza seria neta paterna de Joaquim Ribeiro de Avellar (Barão de Capivary) – 1791 Rio de Janeiro-02.07.1863 Paty do Alferes-RJ e Maria dos Anjos.

    A Luiza seria neta materna de José Maria Velho da Silva e Leonarda Maria Mota.

    O Manoel Uebelhard Leimgruber (Maneco) teria sido um dos introdutores do gado nelore no Brasil.

    Gostaria de entrar em contato direto contigo para trocarmos mais informações sobre a família da Luiza velho de Avelar.

    Meu e-mail:

    Grato.

  • ANIBAL ALMEIDA FERNANDES

    7 de dezembro de 2014

    PREZADO CELSO, ENTRE EM MEU SITE NELE VC CONHECE O MEU TRABALHO. EM TEMPO, MINHA FAMÍLIA É AVELLAR E ALMEIDA, DE VASSOURAS, COMEÇANDO COM MEU 4ºAVÔ MANOEL DE AVELLAR E ALMEIDA, PARA FACILITAR A SUA BUSCA SÃO OS SEGUINTES 7 TITULARES QUE DESCENDEM DESSE MEU 4ºAVÔ: BARÃO RIBEIRÃO, BARÃO MASSAMBARÁ, BARÃO AVELLAR E ALMEIDA, VISCONDE CANANÉIA, 1ª BARONESA RIO DAS FLORES, 2º BARÃO RIO DAS FLORES E OS FILHOS DO 1º CASAMENTO DO BARÃO DE WERNECK, NO SITE VC TEM A DESCENDENCIA DE TODA ESSA GENTE, BOA PESQUISA, ABRAÇOS

  • António Dias da Costa

    8 de dezembro de 2014

    Embora tenha três netos que são descendentes de D.Afonso Henriques pela minha nora,tenho 119 gerações que vão até Sety l faraó do Egipto,que foi onde Moisés foi salvo das águas do Nilo pela filha do grande faraó Ramzés ll,cerca de mil anos antes de Cristo.Quem quiser pode verificar a minha árvore e ver ver em que posição se encontram os seus antepassados descendentes de D.Afonso Henriques.Ainda não fiz a ligação da 4ª dinastia de Portugal …vou deixar para os netos fazerem alguma coisa !!!

  • Irene Pessôa de Lima Câmara

    19 de março de 2015

    Mais uma vez, parabéns, Aníbal, por seu belo trabalho.

    Afetuosamente, Irene

  • mauroi henrique silveira braga

    15 de agosto de 2016

    Aníbal, desde pequeno (estou com 77 anos)escutava a minha bisavó falar que era descendente do capitão-mata gente, que recentemente descobri ser o rei do café. O nome dela é Adelaide, morava no Rio. Seu pai era descendente dos Breves. Como pesquisar? que dicas pode me oferecer? Agradeço.

  • Alexandre Ferrari

    25 de julho de 2020

    Olá Aníbal e Família;
    com imenso prazer…

    (em 25/07, 14h05)

    Sou Professor do CEC Aléscio – Jardim Pinheiros, uma escola pública municipal aqui em Araraquara.

    Neste ano de 2020, por conta pandemia COVID-19, não teremos em Araraquara/SP o desfile cívico de “22 de Agosto” em comemoração aos 203 anos de aniversário da cidade.

    Assim, caberá às escolas, com diferentes temáticas, realizar uma homenagem virtual à cidade através de uma produção multimídia, que englobe diferentes linguagens.

    Nós aqui do CEC Aléscio, ficamos de homenagear a cidade recuperando um traço da nossa história que é a imigração portuguesa, através dessa herança cultural, étnica, social que se originou com a chegada dos portugueses à cidade.

    Não se trata de uma homenagem específica a alguma família em particular, mas sim de vários relatos, informações, contextos e essências das muitas famílias que escolheram Araraquara como um NOVO LAR, em um coração dividido entre duas pátrias.

    Em vista disso, encontrei a sua página na internet [https://www.genealogiahistoria.com.br/index_historia.asp?categoria=4&categoria2=4&subcategoria=43] que, de imediato, devo dizer de extrema acuidade histórica e preciosidade nos relatos/informações e, para além disso, da documentação disponibilizada.

    Nossa Escola, enquanto homenagem, produzirá dois vídeos documentários, um de 5 minutos que comporá uma coletânea com todas as outras escolas do município, e um outro vídeo, mais longo, completo, que será disponibilizado online para acesso e consulta.

    Dito isso, já tendo deveras me alongado, gostaria de saber se Você ou sua Família se proporiam a gravar um vídeo contanto essa BELÍSSIMA HISTÓRIA DE VIDA, da história de seus ancestrais, da vinda dos avós para Araraquara, da jornada de vida que os trouxe para essas novas terras de Araraquara.

    Deixo meu (nosso) contato para outros esclarecimentos e para podermos combinar, acredito eu, a feitura dessa homenagem à família portuguesa que escolheu Araraquara para viver.

    Sou Alexandre: 16-997595590, meu sítio escolar é:

    O sítio (básico de contato) da Escola é:

    Minha Coordenadora Pedagógica é a Professora Dilene Mascioli, telefone: 16-99174-4172

    Estão, ambos números, conectados no Whats App para melhor facilitar o contato.

    Por fim, na certeza de podermos desenvolver essa trabalho o mais rápido possível, ficamos no aguardo do contato.

    Abraços fraternos…