Fotos, livros e documentos antigos – como conservá-los

Fotos, livros e documentos antigos – como conservá-los

Muitos de nós, amantes da genealogia, temos em casa um pequeno arquivo, onde guardamos com todo carinho fotos, livros e documentos antigos de nossos antepassados. Porém, nós todos sabemos que o tempo é o nosso inimigo, assim como insetos e várias outras pragas, que atacam o nosso acervo.

Por isso compilamos para vocês, baseados em informações que nos foram passadas pelo Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga, um pequeno manual para sabermos mais sobre as pragas que estragam nossos acervos e o que fazer para evitá-las.

Quais são os tipos de insetos e pragas que estragam os acervos?

A maioria das espécies de insetos que podem infestar os acervos de papel não são atraídas pelo papel em si, mas pelas gomas, adesivos e amidos, que são digeridos com facilidade muito maior do que a celulose, de que é feito o papel. Alguns insetos atacarão também a celulose (isto é, papel e papelão) e as proteínas (isto é, pergaminho e couro); mas esse dano acarretado pelos insetos não provém unicamente de seus hábitos alimentares; as peças também podem ser danificadas pelas secreções e pelas atividades de abrir túneis e de fazer ninhos.

Falsas traças, tisanuros, piolhos de livros e baratas estão entre as pragas mais comuns. Algumas destas pragas se alimentam da cola do papel, fazendo-lhe furos, danificando as capas dos livros e o papel que as recobre, para chegar aos adesivos que estão por baixo. Outras alimentam-se também de têxteis, principalmente raiom, algodão e linho. Preferem áreas escuras e úmidas, não frequentadas durante longos períodos de tempo. E outras  aindaalimentam-se dos fungos que se desenvolvem no papel, de modo que sua presença normalmente indica a existência de umidade na área de armazenagem. Suas secreções costumam deixar manchas fortes no material.

Esta apresentação está longe de ser completa, mas já dá uma base dos perigos a que os nossos acervos estão expostos.

Onde os insetos se hospedam?

Algumas espécies de insetos que ameaçam os acervos prosperam em espaços pequenos, escuros e tranqüilos; em outras palavras, em condições muito comuns às áreas de armazenagem. Os insetos estabelecem moradia em espaços escuros e apertados e são atraídos por pilhas de caixas e outros materiais quase nunca manuseados. Eles vivem ainda em espaços quietos, como cantos, laterais das caixas de livros e atrás dos móveis. Poeira e sujeira ajudam a criar uma atmosfera hospitaleira para essas pragas. Insetos mortos e seus restos atraem outros insetos. Sujeira e desordem dificultam a sua localização, podendo passar despercebidos por muito tempo.
O controle da infestação de insetos requer a eliminação mais extensa possível dos habitats potenciais de insetos e de suas fontes de alimentação.

Como monitorar seu acervo?

Primeiramente é necessário monitorar e verificar se já há alguma praga rondando o seu arquivo… A implementação efetiva de um programa de controle de pragas exige monitoramento rotineiro da atividade dos insetos, a fim de termos informações sobre os tipos e o número de insetos, seus pontos de entrada, os locais onde estão se abrigando e do que estão sobrevivendo. Estas informações permitem a identificação das áreas problemáticas e o desenvolvimento de programas de tratamento adequado para as espécies em questão.

As armadilhas para insetos mais comumente usadas são as viscosas, encontradas em lojas de ferragens e drogarias. Encontram-se disponíveis em diversos tipos: armadilhas planas, retangulares em forma de caixa e em forma de tenda. Quaisquer que sejam o tipo e a marca escolhidos, é importante que haja uma rotina para que os dados possam ser interpretados com precisão.

O procedimento básico de monitoramento é o seguinte:

  • Identificar todas as portas, janelas, fontes de água e calor e móveis, em uma planta baixa do prédio;
  • Identificar prováveis rotas de insetos e marcar os locais das armadilhas na planta baixa;
  • Numerar e datar as armadilhas;
  • Colocá-las nas áreas a serem monitorizadas,
  • Inspecioná-las e coletá-lasregularmente; e
  • Melhorar a localização e a inspeção das armadilhas quando necessário, de acordo
    com as provas coletadas.

Como o tratamento em caso de pragas é complicado (exige ou tratamentos químicos com pesticidas ou tratamentos complicados como congelamento, radiação gama ou de microondas) o melhor é prevenir do que remediar.

Aqui vão algumas dicas de como  prevenir infestações.

  • A temperatura e a umidade relativa perto do acervo deveriam ser mantidas em níveis constantes e moderados. A UR nunca deve exceder os 55%; poderá ser menor, se possível. A temperatura deveria ser mantida constante e abaixo dos 21°C, já que temperaturas mais elevadas aceleram a deterioração do papel. É desejável certa circulação de ar.
  • Guarde as obras em invólucros protetores. Coloque os materiais, sem dobrá-los, em pastas dentro de gavetas ou caixas. Recomendam-se caixas individuais para os livros valiosos. A parte superior dos livros (que não se encontram em caixas) e das estantes deve ser limpa regularmente.
  • As áreas em que as obras são armazenadas e usadas devem ser mantidas limpas. A limpeza e conservação devem ser cuidadosas e regulares. Limpe o chão com aspirador e não  com vassoura, pois ela espalha a poeira. A parte superior dos livros poderá ser aspirada com o uso de uma escova macia acoplada ao aspirador ou limpa com pano de esfregar magnético.
  • Mantenha seu acervo longe de plantas vivas. A terra é uma grande fonte de fungos.
  • Se o monitoramento indicar UR maior que 55%, faça inspeções regulares em busca de indícios de mofo, sobretudo durante o verão. Não deixe de examinar os vincos dos livros nas lombadas e no seu interior.
  • Evite armazenar as obras em áreas potencialmente úmidas ou em locais onde exista a possibilidade de acidentes com água. Essas áreas incluem os subsolos e os espaços ao longo de paredes que não têm isolamento externo.Não armazene obras na proximidade de canos que transportam água.
  • Inspecione regularmente os sistemas de aquecimento, ventilação e refrigeração, que constituem terreno propício para o crescimento do mofo. Limpe regularmente as serpentinas de troca do calor, o aparador de óleo e os dutos. Troque os filtros com frequência.

Boa sorte e uma vida longa aos seus acervos!

Fonte: Emergências com pragas e bibliotecas em arquivos: Sherelyn Ogden, Lois Olcott Price, Nieves Valentin e Frank Preusser

    Comentários

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    • Nélio J. Schmidt

      6 de outubro de 2014

      Nosso parabéns pela importante publicação.
      Estima-se, hoje, que aproximadamente mais de 35% dos antigos acervos, não mais existem, por falta de preservação e/ou acidentes por falta de prevenção.
      GenealogiaRS – Pesquisas Teuto-Brasileira

    • Nélio J. Schmidt

      6 de outubro de 2014

      A digitalizações de acervos, é a preservação definitiva e para sempre, uma vez que os arquivos poderão ser guardados em locais diferente, e além disso, facilmente expostos para pesquisas.

    • Laudemir Asmé

      23 de outubro de 2014

      Publicação de grande importância. Parabéns!

    • Renato Perracini

      23 de outubro de 2014

      Belíssimo trabalho;
      Que se perenize e se expanda sempre.
      Para o bem de todos.

    • paulo carvalho

      8 de setembro de 2015

      Boa noite camaradas.
      Na casa antiga da minha avó encontrei três documentos muito antigos intitulados da seguinte forma “Summario da bulla da santa cruzada concedida pelo santissimo padre leão XIII” têm também escritos o nome dos meus tisavós. Se souberem do que se tratam estes documentos agradecia informações e datas em que foram feitos e o seu valor.
      Muito agradecido.
      Paulo Carvalho. (Portugal)

    • Luis Araujo

      2 de janeiro de 2016

      Summario da Bulla da Santa Cruzada concedida pelo Santíssimo padre Leão XIII: Documento impresso e assinado em 1899 pelo Comissário e Executor Geral da Bula, António Bispo de Bethsaida, concede a Manuel Gomes Pestana – pela oferta de 40 reis para as igrejas mais pobres da monarquia e para os seminários dedicados a formar o clero, consagrado à propagação do Evangelho –, a indulgência plenária dispensada por bula de Leão XIII (21 de maio de 1898) ao rei, aos seus súbditos e aos fiéis moradores nos seus reinos: este papa, como os seus antecessores, estimulava a colaboração de Portugal no esforço missionário. Para alcançar as graças prometidas na bula, deviam os fiéis dar a esmola taxada e receber o Summario “com seus nomes n’elle escriptos, e de outro modo lhes não valerá”: a isto se chamava “tomar a Bula”, ou “tomar o Sumario”. Mandava o Santo Padre que os pregadores da Bula, aprovados pelo Ordinário do lugar, nada propusessem além do expresso na mesma, e que não obrigassem, apenas exortassem os fiéis a concorrer com
      suas esmolas.
      Sou historiador, e poderei dar-lhe mais informações sobre esses documentos. Se estiber interessado envieum email para