Muito interessante o artigo! Este final de semana estive no Cemitério de Santana (mais conhecido como Chora Menino), na cidade de São Paulo, para tentar localizar o túmulo de um antepassado (que descobri as coordenadas no Family Search) e fiquei surpresa ao constatar a deterioração dos túmulos. A maioria sem placas de identificação, violados, a sinalização do cemitério também muito confusa… enfim, fui embora sem achar o que procurava, pois no local supostamente indicado tinha o nome de outras pessoas (o registro de morte era de quase 100 anos, muita coisa pode ter acontecido) e a impressão de que as informações que eu poderia encontrar neste túmulo estão perdidas para sempre.


Pesquisa genealógica em cemitérios
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por Silvia ·
- agosto 18, 2014
- · Artigos de convidados
Há alguns meses nós trouxemos uma novidade para os leitores do nosso blog: a parceria com o BillionGraves, para que juntos pudéssemos lançar uma empreitada gigante: digitalizar os cemitérios do mundo todo.
Naquele post, ensinamos um pouco como podemos ajudar a preservar a memória e as informações contidas nas lápides dos cemitérios, antes que elas se percam para sempre, vítimas da ação dos tempos. Porém, muitas dúvidas permaneceram e temos recebido constantemente novos emails em que os usuários pedem mais dicas para esta importante tarefa de preservação. Notamos que vocês estão realmente empenhados em salvar as informações referentes a todos, e não apenas sobre os próprios parentes.
Para que todos nós possamos aprender um pouco mais sobre esta tarefa tão importante, convidei um especialista no assunto: o Nélio Schmidt, coordenador do grupo GenealogiaRS, para falar mais sobre a preservação do passado, através das lápides cemiteriais. Nélio e um grupo de pesquisadores têm feito um trabalho belíssimo de preservação e digitalização no extremo sul do Brasil. Fica aqui o convite para que iniciativas semelhantes sejam criadas nos outros estados do país e em Portugal!
“CEMITÉRIOS
“Local dos mortos, porém com muitas histórias em vida” ….
Em se tratando de pesquisas genealógicas, diversas são as fontes possíveis, sejam elas em entrevistas pessoais, livros de registros eclesiásticos, livros de cartórios civis e também nos “campos santos”, os cemitérios.
Cemitérios? Como assim, cemitérios, um lugar tão deprimente… Não, os cemitérios não podem ser vistos desta forma, uma vez que ali estão entes queridos, que durante suas vidas tiveram muitas histórias, de como viveram e onde viveram, e por fim, quando nos deixaram.
Gosto muito do que nos deixou escrito ainda em vida, o teólogo, filósofo e depois mais tarde tornado santo, o Agostinho de Hipona (*13/11/354 – +28/08/430). Destaco duas estrofes de sua poesia (oração) sobre a morte:
A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho.
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora
de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho.
Ou seja, a vida e a morte, estão muito próximas… Uma não pode esquecer a outra….
Nas lápides das sepulturas, encontram-se muitos dados genealógicos, por isso a grande luta de muitos pesquisadores, historiadores, arquitetos e artistas plásticos, pela sua preservação. Nos cemitérios mais antigos que existem por todas as regiões, para se copiar ou fotografar (ou como optamos em dizer: para se fazer “tombamento digital”), requer algumas preocupações e cuidados para a não destruição dos registros, na tentativa de salvaguardar os dados ali inscritos.
Várias são as formas para se obter da melhor forma possível estes registros, merecendo muita atenção e cuidados. Cada caso é um caso especial. Existem lápides que basta fotografar e pronto, os registros estarão a salvo. Noutros casos, existe a necessidade de se usar alguns artifícios para a limpeza e/ou destacar as letras e números existentes.
As lápides de pedra grês (arenito ou pedra de areia) foram as mais usadas na época da imigração alemão aqui no rio Grande do Sul, pela abundância e a facilidade de trabalhos artísticos. Porém é a que mais se deteriora com passar do tempo, acumulando limo e liquens que se entranham na superfície e dificultam a leitura.
A limpeza é possível, sem o uso de removedores e detergentes, bastando escova de náilon e bastante água, esfregando-se com bastante cuidado para não remover junto os caracteres. Se isso não for suficiente, existem duas outras possibilidades, que são a confecção de máscaras com giz ou com argila, que proporcionam destaque e melhoram a visualização.
Outra pedra bastante usada antigamente era a pedra de basalto para a escrita dos dados do falecido. Neste caso, quando desgastadas pelo tempo, uma leve passada com uma barrinha de giz de lado, fará a grande diferença.
Em ambos os casos, giz ou argila, convém despejar um pouco de água para não deixar as marcas, ou então esperar pela próxima chuva, que tudo estará limpo e preservado.
Nas lápides mais elaboradas, como por exemplo as pintadas ou de granito, ou então até as de mármore, basta uma leve escovada na pior das situações. Mas, normalmente, nada mais é preciso fazer.
Sempre considerar o ângulo do sol, para a melhor foto, ou então fazer uso de um aparador de sol quando este estiver na direção contrária. Nas lápides de granito o reflexo pode ser um problema, mas se os caracteres forem em baixo relevo, uma barrinha de giz fará a diferença.
A preservação dos cemitérios, principalmente nos hoje centro urbanos, em que a século e meio atrás eram áreas colônias, estão aos poucos sendo removidos, ou então como estão lotados, estão sendo “limpos” das lápides antigas por quase sempre estarem abandonadas, pois muitos familiares não moram mais na região. Isto é uma grande lástima: que estas verdadeiras obras de arte, estejam sendo jogadas fora, virando pedra para muro, chiqueiro de porco ou entulho para aterro. O que se pede aos donos das lápides, aos donos dos cemitérios, é que evitem a todo o custo esta destruição, pois em muitos casos, são lápides de fundadores daquelas comunidades e até muitas vezes, os doadores das próprias áreas destinadas a construção das igrejas ou do “campo santo”.
No mínimo então, que se pede e espera, é que as lápides sejam preservadas, reunidas e postadas num memorial ou então encostadas no muro (emparedadas) tendo muito cuidado caso contiver escritas no costado (parte de trás) – muito comum com relatos de imigrantes, versículos bíblicos e outras citações pessoais.
Em muitos cemitérios antigos existe algo muito especial, que é a “arte cemiterial” o que não pode ser ignorado, pela singeleza e até sobriedade em alguns casos. Os detalhes das exposições gráficas e de figuras, além das simbologias cristãs, não cristãs, militares, maçônicas e outras, são muito especiais, pois nos transmitem após a morte aquilo que o falecido sentia, amava ou defendia. Além disso, muitas sepulturas apresentam figuras e adornos especiais, como cruz, coluna partida, anjos com ou sem asas, formando um conjunto de alegorias, sejam estas de sincretismos ou crenças.
O GenealogiaRS, através de muitos dos seus simpatizantes e colaboradores, tem procurado disseminar este princípio de preservação. E correndo contra o tempo, também tem se dedicado no “tombamento digital” das lápides, com isto salvaguardando os registros nelas contidos, além é lógico, da arte cemiterial tão rica e exuberante em muitos casos.
Nélio J. Schmidt – Coordenador
GenealogiaRS – Pesquisas Teuto-Brasileiras Ltda.
www.genealogiars.com
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Uiara Araújo
agosto 19, 2014
sinesio
agosto 19, 2014
Uiara Araujo. mas nem tudo esta perdido..vc pode tentar descobrir pelos dados que vc tem ,indo no cartório. desde que seja o mais antigo do local onde vive..Lá eles vão te dizer sim,ou não..sobre o documento dessa data.Caso esteja em outro cartório irão te indicar…Caso não encontre…podera pedir indicação da Cúria Metropolitania de sua cidade!!!é fantastico,pesquise pelo documento de Batistério, esse com certeza vc achara!!comigo foi assi.. é muito importante!!espero ter ajudado,Um abrço
Fernando Julio Korndorfer Neto
agosto 20, 2014
Excelente artigo, Nélio! Espero que anime outros a preservarem as lápides dos seus ascendentes.
Nélio J. Schmidt
agosto 20, 2014
Sim, todas as fontes primárias possíveis são importantes.
Mas além disso, existe o valor patrimonial e cultural, que não se deveria perder.
Lembrando ainda que muitos casos de imigrantes os registros públicos antes de 1888 não existiam, então somente pesquisando os livros eclesiásticos nas igrejas, sejam ela católicas ou evangélicas/luteranas.
Algumas dicas para pesquisas, em:
http://www.genealogiars.com/noticias/dicas-aos-interessados-em-pesquisas-genealogicasNélio J. Schmidt
agosto 20, 2014
Obrigado colegas Adriana Weber e Fernando J. Korndorfer Neto.
Lembrando ainda, que este é um trabalho para ser feito em equipe, pois é muito emocionante….GMCF
agosto 20, 2014
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agosto 24, 2014
INTERESSANTE USAR AS TÉCNICAS CERTAS PARA IDENTIFICAR OS NOMES DOS ANTEPASSADOS
FIQUEI CONTENTE E VOU TENTAR EM OUTROS LOCAIS
Adriana Weber
agosto 18, 2014
Muito bom!!!! Participar destas iniciativas é uma alegria!!!