A jornada de Ty – Terceira Parte

A jornada de Ty – Terceira Parte

Nesta semana, Ty viaja de Dublin, na Irlanda, para Paris, na França e continua contando a sua história familiar, suas aventuras e dando dicas de viagem!

“Neste novo blogpost, como sequência dos posts que estou escrevendo para MyHeritage, eu fui de Dublin para Paris, onde passei algumas poucas noites e, então, continuei minha viagem até Villedieu Poeles, situada 2 horas a oeste de Paris. Esta área é conhecida pela mineração de cobre, artesanato e pelas raízes que chegam aos tempos do Rei Henrique I (filho de William, o conquistador), os cavaleiros hospitalários, os cavaleiros templários e os cavaleiros de Malta.

No meu primeiro dia completo em Paris visitei a Torre Eiffel duas vezes, uma no início da tarde e a outra vez depois que o sol se pôs. Um outro escritor de viagens me pediu para postar algumas fotos da Torre à noite, então, ei-la.

Torre Eiffel à noite, durante o show de luzes.

Torre Eiffel à noite, durante o show de luzes.

Ao viajar em busca dos seus ancestrais, lembre-se que quase todo lugar, especialmente cidades grandes e históricas como Paris, oferece sempre dois lados interessantes. A cultura e história da cidade em geral e aquele lado específico familiar aos seus antepassados com as igrejas que frequentavam, as casas e bairros onde moravam, e os locais de trabalho.

Eu sempre ouvi rumores de que eu também tenho parentes franceses, mas ainda não consegui descobrir se isso é verdade ou não. Caso seja verdade, meus parentes viveram antes da Torre Eiffel ter sido construída (1887-1889). Ainda que meus parentes nunca tenham visto a torre eu fui visitá-la por ela fazer parte da cultura e da história do local. E também é importante se lembrar do presente quando visitamos um novo local. Para a sua própria segurança, lembre-se que Paris, embora linda e cultural, é uma cidade grande e, como tal, preste atenção aos seus pertences.

Enquanto eu estava próximo à Torre, observando a sua estrutura de ferro, uma jovem se aproximou de mim com uma prancheta na mão. Meu primeiro pensamento foi de que ela provavelmente estava querendo vender algum passeio turístico ou que ela talvez pertencesse ao serviço de informações turísticas. Na prancheta dela tinha uma petição para ajudar pessoas deficientes na França. Ela me perguntou se eu gostaria de assinar. A página era um xerox mal-feito, com linhas para acrescentar nomes, idade, país, cidade e assinatura.

Também tinha uma linha referente à doações. Eu perguntei sobre elas e a jovem me informou que uma doação de 10 euros iria ajudar o projeto. Neste momento eu percebi que estava sendo passado para trás. As outras assinaturas eram provavelmente falsas e as primeiras doações eram também as mais generosas: 50, 25 ou 30 euros. Mas não tinha nenhum instituto de caridade por trás desta ação, ou, caso houvesse, aquela pessoa certamente não o representava e estava simplesmente recolhendo dinheiro para uso próprio.

Depois disso uma outra pessoa chegou me apresentando um cartão, escrito à mão, com uma história de que ela era uma refugiada da Sérvia, que tinha vindo pra cá com o pai e o irmão – que tinha leucemia. Ela estava pedindo uns trocados para ajudar sua família. Ou seja, mais alguém querendo me enrolar para conseguir dinheiro.

Após estas duas tentativas de golpe, com menos de um minuto entre elas, diretamente embaixo da Torre, eu comecei a observar em  volta e vi pelo menos uma dúzia de pessoas com pranchetas ou cartazes na mão, indo atrás dos turistas, nos cinco minutos em que estive ali.

A maioria das cidades, especialmente as maiores com muitos moradores de rua, não permite esmolas, pedintes ou mendigos nas ruas ou em áreas públicas. A maioria dos locais – até mesmo na minha cidade natal – exige uma autorização para qualquer espécie de vendas nas ruas. Nenhuma instituição de caridade séria iria arriscar a sua reputação mandando pessoas para as ruas para pedir dinheiro aos turistas.

Estátua equina, Rei Luís XIV, no pátio do Museu do Louvre

Estátua equina, Rei Luís XIV, no pátio do Museu do Louvre

Mas voltando aos pontos positivos, enquanto ficar em Paris, irei com certeza visitar as catacumbas, embaixo da cidade. Já tinha visto muitas fotos e lido sobre elas há anos atrás. Acho a história delas fascinante – numa cidade sem espaço para os mortos, eles reciclam a terra, removem ossadas e as transportam para um labirinto de túneis embaixo da cidade e reutilizam pedras antigas para disponibilizarem um novo espaço para os mortos. Para mim esta história sempre pareceu bastante misteriosa, um pouco assustadora, mas ao mesmo tempo fascinante.

E me fez lembrar de uma descoberta recente de minhas raízes escocesas. Graças a uma Smart Match de MyHeritage, descobri uma sepultura do meu antepassado Alexander McKenzie, lá no Canadá. Alexander nasceu na região de Assynt, na Escócia, em 1784 e faleceu no Canadá em 1871.

Sempre tive uma sensação estranha em relação a túmulos e fotografias. Sempre que visito um cemitério eu me sinto um pouco constrangido em tirar fotos dos túmulos. Na verdade, eu quase nunca o faço. No entanto, eu gosto de ter o link para poder ver as fotos dos túmulos dos meus antepassados, quando eu os encontro online ou através de outras fontes. Eu não tenho nada contra as pessoas que tiram fotos de túmulos, mas pra mim isto  dá azar. É um paradoxo estraho, ser um genealogista, um fotógrafo e um relator de viagens, mas ser supersticioso na hora de tirar foto de uma pedra com coisas escritas.

As catacumbas me fazem pensar nos descendentes das pessoas cujos restos mortais foram movidos e reagrupados. Não há muitos nomes para os enterrados – quase 6 milhões de pessoas. Os ossos foram misturados e reagrupados com o passar dos anos; ossos foram roubados ou destruídos por vândalos, ou mesmo remodelados de outras formas. Não tem como dizer a quem os ossos pertencem. Não existem listas confiáveis das pessoas ali enterradas, uma vez que elas se perderam com o passar do tempo. Há muitas imagens, decorações e alguns monumentos construídos com os ossos foram movidos para um lugar subterrâneo.

Caveiras e ossos nas catacumbas de Paris

Caveiras e ossos nas catacumbas de Paris

É ao mesmo tempo fascinante e triste pensar no trabalho que tiveram ao remover os ossos e ao reagrupá-los novamente. Procissões religiosas acompanharam os ossos na mudança das sepulturas para as catacumbas durante anos a fio, para assegurar a santidade dos enterros e para que as almas fossem protegidas. Ao mesmo tempo, a mera mudança e mistura dos ossos causou uma grande perda de informação. Na medida em que túmulos e mausoléus foram escavados e removidos, a maioria das lápides se perderam. Adicionalmente, muitas delas desapareceram após a revolução de 1789.

Em um cemitério, normalmente é possível ver informações como ano de nascimento e morte, uma localização, ou uma ou outra informação biográfica em cada lápide. Para estas 6 milhões de pessoas que morreram antes de 1785, não existe nenhuma informação.

É estranho ficar ao mesmo tempo fascinado e abismado. As catacumbas são um mistério, ainda que um mistério meio mórbido. Porém, elas representam um período histórico importante e informações perdidas.

Vocês têm parentes enterrados em Paris antes de 1785?

Obrigado por ler o meu post e espero que vocês gostem das fotografias também. Convido a todos a visitarem o meu site para mais leituras sobre a minha viagem e também para mais fotos.”