Um nova juventude

Um nova juventude

Pais e filhos.

Uma relação bastante complicada.

Principalmente se a idade é entre os 15 e os 25 anos de nossos filhos.

Sempre foi muito difícil. Sempre pegou no pé dos filhos, sempre pegou no pé dos pais.

Quem tem filho e quem também não tem, já ouviu falar sobre o famoso “choque de gerações”.

Mas, também já teve a oportunidade de ouvir que muita coisa esta mudando. O mundo deles, dos filhos, é hoje mais ágil, as coisas acontecem de um dia para o outro. Mas, no tempo de nós pais, até o primeiro beijo era algo de levar meses. Uma expectativa, um ensaio, uma sedução de olhos, de bilhetes trocados, amigas cúmplices e tantas outras coisas que faziam de um simples beijo, uma vitória.

Tínhamos espaço, tínhamos tempo e não tínhamos a liberdade que se tem hoje.

O espaço, encurtou drasticamente. Dos bailes de antigamente até as baladas de hoje a evolução social deu um pulo impressionante. Basta ver a moda, as musicas, os costumes que,  foram 3 na primeira metade do século XX, e foram 6 na segunda metade do mesmo século e quase e quase todos entre 1960 e 2000.

De 10 em 10 anos ocorria uma mudança radical, mas hoje estamos vendo estes costumes se misturarem, de tão rápidos, dentro do mesmo tempo. Estamos vendo modas se sobreporem umas as outras. O espaço ficou pequeno para sociedade. O Tempo ficou pequeno para a sociedade.

Nossos jovens filhos estão neste mundo, neste turbilhão de tribos que se formou para curtirem juntos a vida, na maior rapidez possível. Talvez, eles tenham descoberto algo que não foi revelado aos seus pais, e talvez, eles tenham achado uma maneira de viver duas ou três vidas em apenas uma. Não sei, mas se acharam, isso é maravilhoso.

Vivi em uma época que os beijos eram vitórias.

Vivi em uma época que a minha maior rebeldia não era mais do que dormir fora de casa, ou ficar até altas horas conversando com meus amigos e sei que, eu assustava meus pais. Eles pegavam muito no meu pé.

Vivi em uma época que eu ensaiava o beijo, era romântico, era emocionante, com muito menos adrenalina e com mais ousadia.

Vivi no tempo que a poesia era obrigatória para se conquistar uma namorada. Hoje, a mesma poesia é colocada em musica, em sites e blogs e não se usa mais declamar, basta passar o link.

Mas este é o tempo deles, a vida deles, e enquanto nossas namoradas se derretiam com nossas audácias, as deles “curtem”.

Um mundo novo se mostra para eles, talvez com menos poesias declamadas, mas, com mais poesias. É algo que nós pais devemos pensar. Porque os pés de hoje, não tem mais hora para chegar em casa e a audácia e a ousadia foram definitivamente conquistadas. Todas as nossas crianças são audazes e ousadas.

Eu acompanho meus filhos, de modo bem diferente de meus pais, mas da mesma forma. Tenho meu perfil cibernético, e coloco todos meus filhos nas minhas relações. É engraçado, mas estou agindo da mesma forma que meus pais e o pais de minhas namoradas, olhando diários, e vasculhando bolsos pelo que eles escrevem ou pelo que postam em redes sociais. Assim, estou agindo como se eu estivesse pela fresta da janela, olhando a rua ou a varanda a espera dos filhos.

Os diálogos deles são fáceis de serem entendidos e servem como alerta para muitos pais. E tudo o que vemos nos mostra que eles realmente ganharam espaço, ganharam tempo, mas, perderam a liberdade e  nós pais nunca tivemos tantas ferramentas de controle como temos hoje. Sabe o que mudou? Nós pais, muitas vezes não olhamos pela janela, não nos preocupamos com os diálogos dos nossos filhos e muito menos procuramos saber quem são os amigos de nossos filhos.

Enquanto tínhamos na maioria dos casos 30 amigos, eles tem hoje 300.

Continuamos a pegar nos pés dos filhos, é herança genética transmitida de pais para filhos desde a mais antiga história humana. É cuidado, é carinho.

Mas devemos dar aos nossos filhos os mesmo conselhos que ouvíamos de nossos pais. “É tarde para chegar em casa”, “Com quem você estava?”, “Quando foi que você conheceu este amigo?”. Frases ou perguntas que carinhosamente se transformavam em ensinamento.

Meu filho, recentemente se mostrou apaixonado por uma amiga, postou o que eu achei o cumulo do mal gosto da “Ciência da Conquista”, nem parecia meu filho:

-Te amo mais do que Xsalada.

Uma frase que na minha época me daria direito a um tapa na cara e um eterno virar de olhos, mas eu me assustei mais ainda com a resposta.

– Te amo mais do que chocolate.

Refleti e me ajustei

Eles encontraram uma forma de serem românticos do jeito deles, e é eu que tenho que me adaptar rapidamente. Eu quero acompanhar meu filho e sei que o mundo dele é totalmente diferente do meu e agora eu aprendi que o Choque de Gerações não é dos filhos para os pais, mas dos pais para os filhos. O mundo deles ainda é muito chocante para mim.

Acompanhe seus filhos, saiba onde eles estão e com quem estão e aprenda a entender que um link hoje é tão importante quanto as nossas juras de amor poéticas. O Mundo deles é ágil, mas não precisamos perder seus pés.