Windhuk – a história de um navio que saiu da Alemanha e foi chegar no Brasil

Windhuk – a história de um navio que saiu da Alemanha e foi chegar no Brasil

Windhuk era o maior navio alemão fazendo o trajeto Alemanha-África. Ele era um navio de passageiros e ficou em circulação por pouco tempo, entre 1937 e 1939. O navio saia do porto de Hamburgo, na Alemanha, com destino à África do Sul e depois continuava viagem até Moçambique.

Em setembro de 1939, quando o navio se encontrava na Angola, houve uma surpresa: o comandante do navio recebe ordens para regressar à Alemanha. A Inglaterra havia declarado guerra contra a Alemanha e havia implementando vários bloqueios aos navios e submarinos alemães espalhados pelo Oceano Atlântico. A maioria dos passageiros acabaou deixando o navio na África do Sul, no entanto, o mesmo não era possível para a tripulação alemã (na época a África do Sul ainda pertencia à Inglaterra).

O Windhuk deveria voltar a Alemanha, mas o combustível não era suficiente. O comandante então resolve deixar a África e tentar fugir do bloqueio inglês camuflando o navio com uma bandeira japonesa e mudando o seu nome para Santos Maru, seguindo em direção ao Porto de Santos. Naquela época, o Brasil ainda não estava envolvido na Segunda Guerra.

No dia 7 de dezembro de 1939 o Windhuk/Santos Maru chega no porto santista. No entanto, os trabalhadores do porto ficaram ressabiados ao ver a embarcação: por um lado, era um navio maior que o Santos Maru que eles já conheciam, tinha duas chaminés em vez de uma, por outro lado, não tinha nenhuma japonês a bordo, somente homens ocidentais, altos e de olhos claros. E finalmente, o Santos Maru tinha deixado o porto de Santos apenas dois dias antes…

Com isso, o Windhuk acabou sendo detido no cais para averiguações. Porém não houve mais problemas para a tripulação, que foi levada brevemente para a Hospedaria dos Imigrantes e depois deixada livre para tentar a sorte no país.

Porém, em 1942, quando Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha, os tripulantes foram detidos e mandados para campos de concentração em Pindamonhangaba e Guaratinguetá. O site “segundaguerra.net” relata: “Em Pindamonhangaba, embora a idéia fosse manter os alemães isolados no campo, aos domingos, os tripulantes eram visitados por moradores da cidade, que viam os prisioneiros como a principal atração do município. Era permitido que os prisioneiros fizessem compras na cidade, sempre acompanhados de soldados armados de fuzis, mas que acabavam relaxando a pena e se unia a eles em confraternizações acompanhadas de cerveja. Apenas numa ocasião, os prisioneiros tentaram fugir do campo de concentração de Pindamonhangaba e acabaram presos na cadeia pública da cidade.

Já em Guaratinguetá, o campo de concentração era mais rígido, e os alemães não tinham contato com os brasileiros. Os prisioneiros não podiam improvisar a alimentação e comiam sempre arroz com feijão. O trabalho forçado nas lavouras iniciava cedo e terminava somente à noite. Apesar do sistema rígido, dos 244 tripulantes presos em campos de concentração por 3 anos, apenas um retornou à Alemanha com o término da Segunda Guerra Mundial.”

Você tem algum parente que esteve a bordo do Windhuk?

Comentários

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  • Leda dos Santos mendes

    17 de maio de 2017

    Gostaria de saber meu histórico familiar

    • Karen

      18 de maio de 2017

      Olá Leda, você já criou a sua árvore genealógica? É o primeiro passo para descobrir mais sobre a história da sua família. Crie a sua em !

  • Robert V. Spillare

    15 de junho de 2017

    Olá… pesquiso sobre minha genealogia desde meus 18 anos, não é apenas um ou uma mera paixão, mas é também autoconhecimento, pois se faltasse apenas um ancestral em minha linhagem eu aqui não estaria. Acredito que manter suas memórias vivas é também um ato de gratidão por aqueles que nos originaram. Fruto desta paixão, escrevi alguns livros e também artigos, gostaria se possível, de compartilhar com vc’s uma história de um navio que cruzou o Atlântico, trazendo para as terras tupiniquins a minha família e outras famílias amigas e aparentadas.

    • Karen

      19 de junho de 2017

      Olá Roberto, adoraríamos saber mais sobre a sua história. Envie um email para

  • Eduardo Soares

    15 de junho de 2017

    um passado vergonhoso do Brasil que nem sempre é contado nos livros escolares: trancafiamos cidadãos pacíficos e trabalhadores japoneses e alemães em campos de concentração.

  • Ingrid

    16 de junho de 2017

    Sim, tenho parente que foi tripulante da última viagem do Windhuk e como civil permaneceu preso no campo de Pindamonhangaba e nunca mais pode retornar a Alemanha, nem rever seus pais e familiares.

  • Rodolfo

    3 de julho de 2017

    Meu Pai veio com o Windhuk e ficou preso em Pindamonhangaba !

    • Karen

      4 de julho de 2017

      Nossa Rodolfo! E o que ele contava desta época?

  • Nicia Möller

    16 de julho de 2017

    O avô de meu marido e também esposo de minha tia avó, Edmund Alfredo Möller, era marinheiro no navio Blücher, quando este foi confiscado no porto de Recife em agosto de 1914. Todos os tripulantes ficaram retidos e depois soltos, ele foi para o Rio de Janeiro, de lá foi trabalhar com os padres alemães em Barbacena e posteriormente para Juiz de Fora onde veio a conhecer minha tia avó Margarida Pullig, que também descende de alemães que vieram para a colonização em 1858. Temos a carteira de trabalho dele como marinheiro, somente o passaporte não temos, acreditamos que tenha sido confiscado junto com o navio. Tenho pesquisado para conseguir mais dados, pois meu marido tem vontade de conquistar a dupla cidadania.

  • ANDREA CRISTIANE DA SILVA MONTEIRO

    13 de dezembro de 2017

    Quria saber da estotia de meu bisa´vos Alfredo da silva monteiro e Angelica valle silva monteiro e muito emportante pra mim

  • Renata Viol

    19 de junho de 2019

    Meu avô esteve nesse navio, se chamava Kurt Viol, como consigo mais informações sobre o assunto?

  • Vanessa C Brenneke

    28 de agosto de 2020

    Sim. Meu pai, Kurt Brenneke.

  • JR

    Jessica Rückert

    7 de janeiro de 2023

    Mein Großvater – Ernst Rückert – war Stewart auf der Windhuk. Laut meinem Vater hat er dort geheiratet und ein Kind in die Welt gesetzt. Nach dem Krieg kehrte er nach Deutschland zurück, ließ sich scheiden und heiratete meine Großmutter. Gern würde ich mehr in Erfahrung bringen.

  • JR

    Jessica Rückert

    7 de janeiro de 2023

    My Grandfather – Ernst Rückert – was on the ship Winfhuk as a stewart. As my father told me, he married there and had a child. After war, he came back to Germany, got devorced and married my grandmother. I would love to know and learn more about him and his time in Brasil
    Best regards
    Jessica

  • MC

    Manuel Caldeira

    5 de fevereiro de 2023

    Renata Viol :seu avo trabalhou na fazenda do meu bisavô perto de Mococa

  • OR

    Osmar Roland Burchhardt

    29 de abril de 2023

    É otimo saber que muitos alemães mantiveram sua retidão moral e não aderiram ao nazismo.
    Se tivessem voltado à Alemanha poderiam ter morrido todos a bordo dos submarinos ou navios de guerra afundados pelos aliados.
    E um dos tripulantes fundou em São Paulo o excelente restaurante alemão Windhuk na Al sos Arapanes que existe até hoje.
    Meu pai serviu na marinha da Alemanha na I Guerra e imigrou para o Brasil no início da decada de 20.
    Vivenciou o que é ser torpedeado no gélido Mar do Norte.
    Na decada de trinta recebeu convite para retornar à Alemanha para ser incorporado na Deutsche Kriegsmarine.
    Estão esperando resposta até hoje!

  • E

    Eduard

    13 de dezembro de 2023

    Meu avô Willi Schlote era garçom no navio e ficou preso em Pinda! Após o fim da guerra, trabalhou no Grande Hotel em Campos do Jordão