Particularmente, acho absurdo. É como desprezar todo o sacrifício de nossos antepassados, que batalharam pra chegar até aqui, desbravar, colonizar, constituir família em um ambiente tão hostil, com índios e animais selvagens. Dou muito valor ao meu sobrenome pra misturar ele com outro, não importa se é alemão, russo ou português. Já misturamos o sangue quando temos um filho, que deveria ser o laço de união e fortalecimento da relação do casal. Achar que tudo será melhor porque misturei meu nome com o da minha esposa é uma coisa ridícula.
O casal Michael Pugg e Rebecca Griffin, casados há 3 anos, são um exemplo da nova moda que está se instalando por todo o Reino Unido: o Meshing (traduzindo uma espécie de “mistura”). No Brasil, é comum a mistura de nomes próprios. Uma grande amiga minha de infância se chamava Tercimar – a mistura do nome do seu pai, Tércio, com o da sua mãe, Maria.
Na Inglaterra, no entanto, as pessoas estão misturando os sobrenomes. Para voltarmos ao exemplo acima, o casal inglês tirou uma parte do nome dele (“Pu”) e outra parte do nome dela (“Ffin”) e juntos eles são o sr. e a senhora Puffin.
“Nós tomamos esta decisão, pois ficamos sabendo desta fusão de sobrenomes e achamos a ideia ótima. Começamos então a experimentar com os nosso nomes, trocando sílabas pra lá e pra cá e achamos que o nome ficou muito bacana. Além disso, achamos muito legal trazer uma coisa tão nova para o nosso casamento”, comenta Rebecca.
O marido admite que, no início, a ideia lhe pareceu um pouco absurda. Mas, com o passar do tempo, também começou a simpatizar com a novidade.
De acordo com o UK Poll Service, uma espécie de Secretaria especial para a mudança de nomes e sobrenomes, do Reino Unido, 800 casais já tiveram a alteração aprovada. E a tendência é que este número cresça cada vez mais, já que é permitida alteração de sobrenomes na Inglaterra, até mesmo para casais sem união formalizada através de casamento.
“As esposas não querem mais abrir mão do próprio sobrenome, para assumir o nome do marido. É uma questão de identidade”, afirma Claudia Duncan, uma funcionária do UK Poll Service. Tradicionalmente, os homens não têm nenhuma mudança com o casamento, enquanto a mulher ou abre mão do seu sobrenome ou acrescenta o nome do marido ao seu. A ideia da mesclagem de nomes visa a complementar a lei atual, que também permite (como no Brasil) que o homem adote o sobrenome da esposa. Os adeptos da novidade acreditam que a mesclagem de sobrenomes traz mais união ao casal.
A historiadora Tessa Dunlop vê uma espécie de “equilíbrio tardio” na prática do meshing, já que a adoção do sobrenome do marido não é mais obrigatória. Ou seja, seria uma forma de se quebrar com uma tradição machista.
O meshing é uma novidade que se iniciou nos EUA. Um dos iniciadores deste movimento foi o prefeito de Los Angeles Antonio Villaraigosa. Antonio somou o seu sobrenome “Villa” ao da esposa “Raigosa”, formando o “Villaraigosa”.
E o que dizem os genealogistas em relação a este modismo?
Jonathan Gabay diz que alterações no sobrenome são bem mais comuns do que pensamos. Com a vinda de imigrantes estrangeiros para o Brasil, foi muito comum a prática de aportuguesamento de sobrenomes.
Eu mesma sou um exemplo disso, meu sobrenome “Brandl” foi alterado para “Brandel”, para o nome soar mais brasileiro.
E o que vocês pensam em relação a esta ideia? Vocês também gostariam de poder mesclar um sobrenome a bel-prazer? Ou acreditam que isto poderia ser negativo para a pesquisa da história familiar? Adoraríamos ouvir a opinião de vocês nos comentários a seguir.
Fonte: BBC, Spiegel
Auta Rangel
28 de maio de 2014
Na minha família já existe isto. E é aqui no Brasil e a mais ou menos 40 anos. um dos meus primos resolveu que o seu filho mais velho teria como sobrenome uma mesclagem dos sobrenomes dele e da esposa. Rodrigues + Rangel virou Rodran. Os outros filhos ele colocou Rangel mesmo, então só um ficou com o sobrenome diferente.