Muito interessante. Eu conheci aquela igreja luterana em Frutillar. Estive lá em 2011 em um Congresso de Cultura Alemã. Fou m uito bom!
Joel Guilherme Velten
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O meu segundo livro será publicado este ano.
“Os Italemães na Terra dos Botocudos” Histrória da colonização alemã no Espírito Santo desde 1847.
Colonos alemães na América do Sul
- Por Silvia
De tempos em tempos o blog alemão de MyHeritage tem a honra de receber um convidado – o historiador Hans-Peter Geis – que contribui com artigos brilhantes de próprio punho tratando de vários aspectos da História Alemã. Um dos pontos mais importantes da sua pesquisa é a preocupação em retratar o homem alemão comum, aquele que não assinou grandes tratados ou foi responsável por momentos importantes da História da Humanidade, mas aquele cidadão como você e eu, que tem a sua força através da coletividade.
Com isto em mente, Geis trata dos temas da imigração com muito entusiasmo, mostrando em que lugares deste mundo ainda podemos encontrar raízes alemãs, ou os motivos que fizeram com que tantos alemães deixassem o seu país. Desta vez o tema do historiador é a imigração alemã para países da América do Sul. De olho nas comemorações dos 190 anos de imigração alemã no Brasil, considero apropriado tratarmos deste tema também no nosso blog.
Fica aqui a tradução (minha) do texto do historiador.
Boa leitura!
“Nos meus posts anteriores [N.R.: Para ler os posts anteriores do autor, acessar o blog alemão de MyHeritage (textos igualmente neste idioma)] eu já descrevi os movimentos migratórios alemães em direção ao Leste, para a região de Siebenbürgen, para outros países europeus vizinhos, para a Rússia e para os Balcãs e, na última postagem, para os Estados Unidos. Esta é a minha última contribuição. Hoje eu vou contar sobre uma região para a qual muito menos alemães imigraram, do que para os Estados Unidos, estou falando aqui da América do Sul.
Os imigrantes foram para a América do Sul – especialmente Brasil, Argentina e Chile – em lotes, especialmente logo após os períodos de muita fome entre 1816/1817 e 1846/1847. Os enviados daqueles países prometeram muitas coisas aos alemães, mas, quando estes lá chegavam, eles eram praticamente deixados à própria sorte. No Brasil, eles ganharam um pedaço de terra nativa, que eles conseguiram cultivar com muito esforço. No entanto, pouquíssimos novos imigrantes viajaram na sequência, pois logo ficou sendo conhecido na Alemanha, como era penosa a vida do outro lado do Atlântico: solitária, em um país com um idioma estranho, com um clima estranho. Os que lá ficaram estabeleceram-se nas províncias mais ao sul: Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na Argentina, os alemães não ganharam nem mesmo o pouco de terra que havia sido prometido, eles começaram a trabalhar por lá como artesãos ou comerciantes.
Meu próprio avô imigrou para o Brasil em 1895, após seus negócios fracassarem em Gardelegen (cidade no norte da Alemanha). Para isso ele viajou durante 8 dias através da Alemanha, para se despedir de seus amigos, o que prova que ele realmente estava convencido da idéia de deixar seu país. Depois disso ele partiu de Hamburgo com o navio alemão Arkadia e foi até Desterro, que fica na Ilha de Santa Catarina, no estado de Santa Catarina, bem ao sul do país (Desterro já tinha mudado seu nome para Florianópolis em 1893, mas meu avô não escrevia assim).
Sua viagem durou um mês, o caminho era por vezes tempestuoso e a maioria das pessoas que viajaram com ele enjoava no navio – mas não meu avô, segundo seu diário. Quando ele finalmente deixou o navio, e se despediu dos companheiros de viagem e tripulação, ele acreditava que aquela seria a despedida derradeira da Alemanha e as lágrimas lhe vieram aos olhos. Ele não teve, porém, um começo difícil em Desterro e rapidamente começou a trabalhar para a Firma Emil Meyer. No seu tempo livre ele frequentava o clube alemão e um coral alemão.
Mas mesmo assim ele não ficou por lá. Minha mãe dizia que ele não aguentou o calor. Por isso ele retornou à Alemanha, no final de 1897 ou início de 1898. No dia 7 de julho de 1900 ele se casou com minha avó em Hildesheim e no dia 5 de janeiro de 1902 a minha mãe nasceu.
20.000 alemães imigraram da Alemanha e Áustria em direção ao Chile. Estes cultivavam as terras inabitadas ao sul de Valdivia. À frente de um número maior de colonos, nove famílias de Rothenburg an der Fulda chegaram em Valdivia no dia 25 de agosto de 1846, a bordo do veleiro “Catalina”, depois de enfrentarem muitas dificuldades durante a viagem. Bernard Eunom Philippi, um oficial prussiano da Marinha, bem como conhecido naturalista, que já conhecia a região devido às suas viagens de pesquisa, motivou a todos para a imigração. Até o final do século 5.000 imigrantes de várias regiões da Alemanha e até do Tirol imigraram. Eles trabalhavam em várias profissões, fundaram companhias. A partir de 1852 eles também receberam parcelas de até 100 hectares de terra na região pantanosa do Lago Llanquihue, que foram cultivadas com muito esforço e graças ao auxílio dos índios Mapuche. Eles não se assustavam com os terremotos ou vulcões, como o Osorno que entrou em erupção em 1790, 1834, 1835 e 1850. A agricultura e trabalhos manuais ainda são as atividades dos descendentes destes imigrantes até hoje.
A partir de 1875, eles também começaram a cultivar mais terra em outras regiões, entre elas Nueva Braunau, o único local que hoje ainda leva um nome alemão. Os costumes por lá me lembram dos costumes de cavaleiros alemães da região do Báltico. A Família Kuschel, originária da Silésia (Schlesien), praticamente reinava sobre a região de sua casa da fazenda (hoje deu lugar a um museu e hotel). Os trabalhadores locais, em contraste, moravam em casebres modestos nas redondezas. Até mesmo a morte separava os senhores dos serviçais: tanto na igreja quanto no cemitério eles tinham lugares separados. Eu mesmo estive na região em 1999, as fotos acima foram todas tiradas por mim, durante esta visita.
De 1883 a 1886 2.600 colonos suiços, igualmente sem terra, se estabeleceram 300 km ao norte dos colonos alemães, em uma área similar, às margens do Rio Biobio.
Quem se interessar sobre o meu trabalho como historiador, pode encontrar mais relatos no meu livro “Bauer Bürger Arbeitsmann. Geschichte der Menschen deutscher Sprache” (N.R. Título não traduzido para o português: Agricultor, Cidadão, Trabalhador. Histórias das pessoas de língua materna alemã).
O livro está disponível para venda através da Editora Pahl-Rugenstein. O site para consulta é www.bauer-buerger.arbeitsmann.de”
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E você, também tem antepassados alemães? O que você sabe sobre as vidas destes antepassados? Quais foram suas dificuldades na chegada ao Brasil? Adorariamos ouvir suas histórias nos comentários a seguir ou através do email: brasil@myheritage.com
Rodrigo Trespach
11 de fevereiro de 2014
Uma explanação mais detalhada sobre a Imigração Alemã no Brasil pode ser acessada no meu blog, onde há links para os meus artigos em revistas e também meus livros, além de dados e textos de jornais para downloads:
Abs, Rodrigo Trespach