A força de um bom dia

A força de um bom dia

Não sei se é o Natal, ou se é uma daquelas necessidades humanas básicas, mas fato é que em maior ou menor grau, todo mundo precisa de atenção. E não é só a atenção dos amigos, do marido, dos filhos ou dos pais. Queremos atenção em geral. Queremos chegar em uma loja e contar com um sorriso no rosto, queremos que as pessoas que nos atendam sejam simpáticas e prestativas. Queremos, por assim dizer, a boa e velha educação.

Mas e o que querem aqueles que nos atendem? Os que sorriem para nós e não recebem nem um olhar em troca, os que nos dizem bom dia e são bombardeados com perguntas, ordens ou pedidos? Não quererão estes também uma contrapartida?

Não é de surpreender que a resposta seja sim, que isto é exatamente o que o outro lado espera.

No final de semana passado eu estava em uma feira, comendo pastel, sentada num banquinho, do lado da barraca. Estava sozinha, sem celular ou algo que pudesse prender minha atenção e estava esperando meus pais chegarem. Então, comecei a observar a conversa de duas das moças que trabalhavam na barraca. Uma perguntava à outra: e aí, já ganhou um hoje? E a outra, só dois.

Imagem: http://www.flickr.com/photos/cbnsp/

Imagem: http://www.flickr.com/photos/cbnsp/

Fiquei curiosa, já com vontade de perguntar o que é que elas estavam ou não ganhando, quando um novo cliente chega. A primeira moça lhe diz sorridente, bom dia. A resposta veio rápida: Dois de carne e um pizza. As duas moças se entreolharam, cúmplices, e continuaram seus afazeres.

Chega mais um cliente, a segunda moça tenta sua chance: Bom dia, tudo bem? A resposta veio ainda mais seca: não tem café hoje não?

Mais um rolar de olhos.

E assim foram se sucedendo vários clientes até que um finalmente responde o que as moças queriam tanto escutar: Bom dia!

Depois que ele foi, uma das moças comenta: nossa, até que enfim. “Será que as pessoas pensam que vão ficar mais pobres se responderem? Vai cansar a boca? Vai cair a língua? As pessoas hoje em dia não têm mais educação.”

Só pude concordar com seus argumentos e me sentir envergonhada por algumas vezes também não desejar um bom dia e já partir direto para o pedido que gostaria de fazer.

Será que as moças da barraca do pastel têm razão e estamos mesmo perdendo a boa educação que nos foi passada pelas gerações mais antigas? Eu me lembro que meu avô sempre fazia questão de que falássemos bom dia, boa tarde ou boa noite.

Meus pais me cobravam mais o boa noite mesmo, as outras opções não eram tão presentes. Fiquei pensando que a boa educação também se mostra muito pelos pequenos gestos do dia-a-dia. Os velhos “por favor”, “obrigada”, “com licença” e “desculpe”, o levantar de um banco quando um idoso chega, não porque está escrito na lei, mas por gentileza, o segurar a porta do elevador para o outro entrar e sair… Será que estamos menos educados, menos gentis do que as gerações passadas?

Fiquei pensando muito nesta questão e queria saber de vocês: as gerações de hoje são menos prestativas e educadas do que as anteriores? Queremos saber sua opinião nos comentários a seguir.

Comentários

O endereço de e-mail é mantido privado e não será mostrado

  • Reynaldo Alberto Stein

    7 de dezembro de 2013

    boa tarde Karen, boa observação e uma grande verdade do que acontece atualmente.

  • Francisco Teixeira

    7 de dezembro de 2013

    É assim mesmo o que está acontecendo e que nem todos notam. Hoje em dia parece à mim, que as pessoas estudam mais, são até graduados, mas a educação que tínhamos no passado, com estudos ou não era diferente. Ninguém passava batido por uma outra pessoa sem cumprimentar, dizer, “bom dia”, boa tarde” ou “boa noite”. Pra falar a verdade, eu estranho muito isso. à mim isto faz mal, faz mal à minha educação ´e até à saúde. E a relação filhos/pais e pais/filhos. No meu tempo além de se usar cumprimentar uma pessoa que se cruzava na rua, o comportamento na família era muito diferente. Naqueles tempos idos que não voltam mais, quando os pais levantavam da cama mais cedo, o filho ou a filha, antes de mais nada, primeiro de qualquer outro afazer, procurava o pai e a mãe e pedia a benção de mãos postas. A educação começa em casa, na casa dos pais. É justamente por isso que vemos a delinquência crescer, professores serem agredidos na escola. Hoje se uma professora, só alterar um pouco mais a voz à um aluno/a qualquer, no dia seguinte, ela (a professora) é chamada à atenção pela mãe desse aluno/a. É lamentável. Naqueles tempos, numa escola havia mais ordem, mais obediência. Hoje quando a gente passa ao lado de uma escola, ouvimos lá dentro da sala de aula uma gritaria, muito barulho nem parece que lá dentro há alunos estudando. Naqueles tempos que se foram e não voltam mais, quando a gente passava do lado de uma escola, a gente não ouvia barulho nenhum dentro da sala de aula. Havia silêncio. A professora/sor era respeitado. As mães mesmo diziam que uma professora era a segunda mãe de seu filho. Tenho muito mais coisa a dizer, mas para não ocupar muito espaço, paro por aqui.

  • Clara de Brito

    7 de dezembro de 2013

    Este texto poderá ser usado como mensagem natalina para substituir as costumeiras.
    Atualmente todos estão muito apressados e se esquecem das pequenas palavras citadas por Karen.
    Se espalharmos esta mensagem, podemos provocar uma volta à gentileza.

  • Maria Lúcia Bernardini

    7 de dezembro de 2013

    Karen: a postagem está esplêndida; permite-nos continuar a reflexão e publicarmos nossa própria postagem. No entanto, embora eu acrescente uma possível resposta ao teor da postagem que não é minha – pertence a uma freira da Congregação de São José, em Itu – SP, que há cerca de uns trinta anos me disse o seguinte: o que falta, atualmente (isso há uns trinta anos!) é polidez. No dicionário Aurélio, polidez é delicadeza, cortesia, civilidade, urbanidade. O que me leva a acrescentar que educação, seja em que nível social for, todos recebemos. No entanto, polidez – que seria o esperado das situações que relatou na postagem – não é o que as pessoas desenvolvem e transmitem para os que estão ao redor ou até aos próprios filhos. As atendentes da barraca do pastel são educadas e polidas, pois não destratam os que não são polidos; que continuem assim, pois são seres humanos exemplares. Grata por ler, mais uma vez, em sua postagem, algo que estava em meu pensamento e pela oportunidade de poder expressar isso.

    • Karen

      9 de dezembro de 2013

      Concordo Maria Lúcia! Realmente polidez e cortesia seriam os termos mais adequados!
      E claro que quero ver a sua reflexão! Mande o texto para e publicaremos a sua postagem!

  • Guimarrosa

    7 de dezembro de 2013

    Infelizmente a nova geração perdeu a boa educação daqui mais alguns anos as pessoas nem saberão traduzir essa palavra será jogada no esquecimento,…

  • Glória S.Machado

    7 de dezembro de 2013

    Isso acontece a todo momento e em qualquer lugar, os caixas no super-mercado, o trocador e o motorista , é a era do ter, do consumismo, do individualismo, resumo:é falta de educação mesmo.

  • Bel

    9 de dezembro de 2013

    Realmente a gentileza das pessoas ficou para traz, como tem estudantes de graduação sem educação às vezes paro e fico me perguntando, pra que estudar? Que geração estressada é essa e a culpa é de quem? No meu ponto de vista a culpa é dos pais que faz tudo para os filhos não dão limites. Então pais ensinam seus filhos serem mais gentis.

  • Flávio Peralta

    18 de dezembro de 2013

    Com certeza,um Bom dia pode sim,salvar uma vida,nas minhas palestras logo começo,faço questão,todos ficarem em pé,e um abraça outro,Abraços PALESTRANTE Flávio Peralta

  • PedrinhoFE

    20 de janeiro de 2014

    Bom dia Karen, Bom dia Reynaldo… bom dia a todos que estão lendo e a todos que já comentaram…
    Pronto, agora posso escrever.
    Vou resumir: Li certa vez, num papel, que veio dentro de um saquinho de pipoca doce a seguinte frase: “A Educação se busca na escola. Bons hábitos se leva de casa”. Não me lembro o autor. Eu era muito criança, não decorei o nome do autor, mas garanto que já repeti essa frase muitas vezes… muitas vezes mesmo.
    Boa tarde a todos!

  • rubenisia

    20 de janeiro de 2014

    Achei legal…nos dias de hoje onde o mundo está se transformando virtual…pensei que só eu percebia o quanto as pessoas estão carancudas e injuadas, sempre que dou um bom dia pro trocador percebo um leve sorriso como se fosse proibido ser simpatico. Sou uma senhora de 52 anos presencio varias vezes como os jovens não são educados para respeitarem os mais velhos, serem solidarios com as pessoas independente de idade etc. Presenciei uma cena o motorista de um onibus de aproximadamente 50 anos, parou subiu um Sr. de uns 75 anos, ele comprimentou o passageiro, ofereceu que ele colocasse seus pacotes na frente onde ficasse facil pra ele retirar ao descer, e mostrou uma assento onde se encontrava um jovem que era local reservado ao idoso, e notei a alegria daquele motorista ao falar com os passageiros com um sorriso nos labios, feliz, alegre como a muito tempo não via em varios setores por onde ando.quando solicitei a parada ele me olhou com um sorriso nos labios e perguntou aqui ta bom pra sra minha querida. eu vinha extremamente cansada e chateada e agradeci a Deus por aquele motorista não ser extressado e aprendi a lição. Independete de qualquer situação as pessoas ao nosso redor não tem culpa do que nos acontece.

  • jose valdir

    21 de janeiro de 2014

    Pois é, amigos, esses valores estão se perdendo no tempo e espaço. Já passei por experiencia como; Eu digo um bom dia para a pesso e ela,olhando de soslaio como que desconfiada passa sem falar nada. Por outro lado tem pessoas que lhe retribuem o bom dia, com um belo sorriso! Precisamos praticar mais a cordialidade, a gentileza, e passar para os mais jovens…

  • Jorge Felipe Eckert

    21 de janeiro de 2014

    Parabéns Karen pela iniciativa de veicular o assunto. Lamentavelmente, quando as pessoas preferem um relacionamento com uma máquina ou com um animal, as relações entre os seres humanos se tornam áridas, duras, quando não ásperas. Tenho refletido bastante sobre o assunto, pois a falta de polidez, de cortesia, de educação no trato entre as pessoas me incomodam sobremaneira. A tão propalada miscigenação brasileira, associada aos apelos publicitários, nos quais o importante é o consumir, o “ter” está fazendo com que esqueçamos o “ser”. O “caldo” cultural, tenho a impressão, está fazendo com que sejam perdidos os mais elevados parâmetros éticos e morais, preponderando os piores de cada cultura concorrente. Os apelos ao consumismo auxiliam sobremaneira na desconsideração das outras pessoas ao apregoarem o individualismo próprio do “marketing”. Porém, parece-me que a verdadeira causa desta modificação de comportamento está relacionada à ausência da “figura” da mãe na formação dos filhos. A sociedade não encontrou, ainda, solução para sua substituição. As crianças, em termos de formação, são filhos da “tata”, da Globo, dos jogos eletrônicos, da internet etc. O apelo, iniciado com a segunda guerra mundial, exaltando a independência da mulher com o intuito de aproveitar a mão-de-obra “ociosa”, retirou da família a peça mais importante. É o que penso. Os frutos estamos colhendo hoje. Saudações à autora e a todos que compartilharam. Apesar de tudo, a insensibilidade ainda não é total.

  • Clara Souza

    21 de janeiro de 2014

    Eu tenho por hábito dizer “bom dia”, boa tarde” ou “boa noite”. Cumprimentar ascensorista (sim ,aquele que opera elevadores, passando o dia dentro de uma caixa) pedir o andar com um “por favor” e agradecer ao sair.
    No meu prédio dificilmente recebo o cumprimento de volta. Meu filho quando era menor, me perguntou porque eu dava bom dia se ninguém respondia. e eu respondi que dava porque era bom para mim, se seria bom para o outro, ele que decidia.
    Minha vaga de garagem é junto ao elevador e já cansei de estar saindo do carro e as pessoas que estão esperando o elevador entrar, quando ele chega, sem me esperar e olhe que eu só tenho que andar a extensão do carro.
    É a velha máxima: ” faça o que deseja que lhe façam!”

  • Adson Gomes

    22 de janeiro de 2014

    Lendo o texto da Karen e os diversos comentários sobre o tema, fiquei, deveras, feliz de saber que ainda tem tantas pessoas preocupadas e atentas com o assunto. Eu, nas minhas reflexões, já estava me sentido um “estranho no ninho”, pois a educação como me foi dada e que tenho praticado nas minhas tratativas, fazia-me sentir com um verdadeiro “extra-terrestre”. De repente, percebi que a minha preocupação esta sendo compartilhada com centenas ou, talvez, milhares de pessoas ainda sensíveis e preocupadas com a polidez, civilidade e gentileza. Acredito que a prática dessas ações, aparentemente simples e naturais da boa educação, mesmo que sejam praticadas por uma minoria, têm força para se perpetuar e multiplicar-se, se propagar na sociedade. Não nos esqueçamos que “…gentilezas geram gentilezas”!

  • Eliana

    23 de janeiro de 2014

    É, realmente um sorriso nos lábios ou um cumprimento não empobrecerá ninguém. São valores que hoje são esquecidos , um cumprimento no elevador, um cumprimento ao gari com quem cruzamos diariamente e assim por diante. Os adultos precisam exigir estas regras de boa educação de suas crianças e procurar acima de tudo serem o exemplo. Pois consequentemente os filhos também se tornarão mal educados. Gentileza, um sorriso, educação ….faz muito bem para quem as têm.