Histórias que marcaram

Histórias que marcaram

Nossa Equipe continuadamente tem procurado em todos os idiomas as histórias de família.

Muitos usuários já publicaram em nossos blogs as incríveis histórias que ocorreram em suas famílias. É comum a todos nós ter uma , duas ou mais histórias vivenciadas pelos seus antepassados e que são contadas de geração em geração. Um caso de amor, uma fuga inusitada, um ato de heroísmo e tantas outras histórias que enchem de memórias a nossas vidas.

Estamos procurando histórias e quero dar o exemplo, vou contar aqui uma história de amor ocorrida em minha família quando o Brasil ainda era Colonia e que me foi contada pelos parentes e repetida inúmeras vezes. Como eu também sou como a um deles, não me cansarei de contar esta história, acho emocionante e sempre que a conto, vivencio os duros momentos que meus antepassados possam ter passado. Viviam em uma cultura diferente da minha, não os julgo, julgarei apenas o fato de terem vivido tão intensamente suas vidas que deixaram para nós descendentes a certeza de que o destino tem muitos mistérios a serem desvendados. Leiam.

“Eram idos de 1800 (?), a tropa descia pela rua de terra, mais de cem mulas faziam um barulho que chamava os moradores para a rua e as donzelas para a sacada das casas altas, era uma festa na monotonia da vila que nascia e seria um dia cidade. O puxador da tropa era um rico comerciante, que tocava a sua tropa pessoalmente, desconfiado (naquela época uma tropa era coisa de rico).
Pela aba do chapéu, viu na sacada em vestido branco, uma pele clara, um cabelo negro, sua futura mulher. Marcou o casarão na memória, desceu a serra decidido, empurrando a tropa. No outro dia, arrumou-se com o linho branco amarelado, colocou sobre a cabeça o chapéu, montou na mula, ajeitou o bolso que estava com o dote e subiu a serra, era uma viagem que duraria algumas horas. Foi até o casarão de sacada. Entrou depois de anunciado, chegou diante de um senhor que carregava a dúvida do encontro e foi dizendo, nome, riquezas e a pretensão de pagar o dote, quase milionário, pela mão da donzela da sacada.
Diante do tropeiro o espanto do pai da moça fez perguntar quem era a donzela que ele havia visto, e a surpresa do esclarecimento foi seguida de múrmuros que vinham de traz da Porta dos Ouvidos. Mais surpresa ainda, para ele e para a donzela atrás da porta, quando descobriu-se que aquela donzela pretendida já estava comprometida e seria impossível receber do tropeiro o dote.
– Mas tome um café e sinta-se em casa, vou mandar minha filha servi-lo.
Quando veio o café, em xícaras brancas, as mãos de quem servia, fizeram o tropeiro triste levantar os olhos e perguntar.
– E esta donzela? Quem é?
– Minha filha menor, de 14 anos que ainda não tem pretendentes.
– Então eu fico com esta mesma. Disse o tropeiro, meu bisavô.”

Casaram-se e ele se instalou com ela na pequena cidade abaixo da serra, vendeu as mulas, pois não era mais cabimento viver de tropeiro com uma linda dama em casa, montou outro negócio, criou os filhos e viveu até que a morte os separou.

Esta historinha foi contada pelo meu tio, e ficou na minha memória.

Queremos que você nos conte as histórias de sua família para que possamos publicar aqui. Mande para nosso email

Comentários

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  • Abilon Naves

    31 de agosto de 2011

    Bonita história.
    No entanto, permanece bela ainda mesmo com a existência de uma alteração na frase, que muda radicalmente o sentido do contexto histórico vigente à época.
    Se não vejamos.
    (A frase do texto)
    —>>>”Mais surpresa ainda, para ele e para a donzela atrás da porta, quando descobriu-se que aquela donzela pretendida já estava comprometida e seria impossível receber do tropeiro o dote.”<<>>”Mais surpresa ainda, para ele e para a donzela atrás da porta, quando descobriu-se que aquela donzela pretendida já estava comprometida e seria impossível o tropeiro receber o dote.”<<<—.
    De toda a forma, ainda continua sendo uma bela história.

  • Abilon Naves

    31 de agosto de 2011

    (REPUBLICADO POR FALHA DO SISTEMA)

    Bonita história.
    No entanto, permanece bela ainda mesmo com a existência de uma alteração na frase, que muda radicalmente o sentido do contexto histórico vigente à época.

    Se não vejamos.

    (A frase do texto)
    I – ”Mais surpresa ainda, para ele e para a donzela atrás da porta, quando descobriu-se que aquela donzela pretendida já estava comprometida e seria impossível receber do tropeiro o dote.”

    Todavia, referente ao instituto do dote, de acordo com os costumes e normas vigentes à época (desde a Roma antiga, passando por Portugal, Brasil colônia até o sec. XX), este era pago pela família da noiva que, então, vevava-o (dote) ao casamento.
    Posto isso, mantendo-se as mesmas palavras, mas com a correção de acordo com a norma padrão da época, teremos o seguinte:

    II – ”Mais surpresa ainda, para ele e para a donzela atrás da porta, quando descobriu-se que aquela donzela pretendida já estava comprometida e seria impossível o tropeiro receber o dote.”.

    De qualquer forma, ainda continua sendo uma bela história.

  • Maria do Carmo Braga

    1 de setembro de 2011

    O importante é que ele mudou a sua história para viver com a “linda dama”, criaram sua família, viveram juntos até que a morte os separou. Nem todos tiveram esta sorte.

  • Luiz Carlos Bays

    1 de setembro de 2011

    Muito linda a história. Gostei também do comentário do Abilon Naves sobre o “dote”, pois lendo a história também fiquei curioso sobre o fato ser ao contrário. Melhor uma correção do que simplesmente mudarmos os costumes. Abraços a todos.

    • Walter Olivas

      1 de setembro de 2011

      A todos: Realmente o termo esta errado, deveria ter usado outro, o DOTE é feminino, mas eu não posso mudar uma história, na época, ele tecnicamente comprou a noiva, uma cultura muito regional que era para preservar algumas riquezas já que o interessado (o tropeiro) faria parte do espólio dos pais dela. Não vou alterar no texto para que todos os comentários já feitos possam ser entendidos por todos que venham a ler esta postagem. Vou fazer a correção aqui: “….estava comprometida e seria impossível receber do tropeiro o dinheiro oferecido para ajeitar o casamento……”
      Peço desculpas a todos pelo meu engano.