Adeus Saramago

Adeus Saramago

“De repente, a morte suspendeu suas atividades no país. A nação se embandeirou: tinha sido escolhida para a imortalidade, depois de milênios de sofrimento e sujeição à “indesejada das gentes”. Ano Novo, vida eterna, porque desde 1º de janeiro ninguém mais morria nesse estranho canto do mundo …” inventado por José Saramago em As intermitências da morte – uma fábula sobre os caprichos da figura macabra e ossuda que segura os fios da vida de cada um.”

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Saramago é um dos meus autores prediletos, Nobel de Literatura, sabia como ninguém deixar o leitor na expectativa da próxima frase. Ler Saramago é ler sem pontos, ler em volúpia. É entrar num turbilhão de palavras, em um rodopio de imaginação que trás ao leitor uma necessidade imensa de concluir um capítulo e iniciar o próximo. Leitura inteligente, de um escritor consagrado.

Nossa indicação deste livro é para que você possa “tomar vista” das diferenças na estrutura linguística que Saramago insistia em manter viva no seu livro.

Mas é também uma leitura obrigatória aos pesquisadores de MyHeritage que vão se deliciar com a “greve” da morte, tão presente em nossas árvores e que transformaria toda a nossa estrutura de pesquisa. Imaginar todas as consequências que causaria em nosso dia a dia a “imortalidade”.

É também um relato cruel da forma com que a sociedade capitalista, governo e religião  se adaptam as novas regras, desconsiderando o indivíduo a uma mera consequência das instituições e da continuidade do negócio.

As Intermitências da Morte (2005) – José Saramago

SOBRE SARAMAGO

José Saramago nasceu em 1922, de uma família de camponeses de província de Ribatejo, em Portugal. Exerceu diversas profissões, como serralheiro, desenhista, funcionário público e jornalista, antes de se dedicar a literatura. Prêmio Nobel em 1998, foi autor de algumas das obras mais relevantes do romance contemporânio, como O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira, recentemente levado ao cinema com enorme sucesso de crítica.

Adeus Saramago, a morte não estava em greve no dia 18/06.